WASHINGTON — Seis prefeitos americanos, todos do Partido Democrata, pediram ao Congresso nesta segunda-feira para suspender o envio de forças federais para suas cidades, alegando que sua presença tem aumentado as tensões nos protestos contra o racismo que se espalharam por todo o país.
Agentes federais enviados no início de julho para Portland, no estado de Oregon, chamaram a atenção nacional por levarem embora manifestantes em carros não identificados, espancarem um veterano da Marinha americana e usarem gás lacrimogêneo contra mães ativistas e o prefeito da cidade, o democrata Ted Wheeler.
As táticas, condenadas pelos democratas como violações dos direitos civis, alimentaram uma nova onda de protestos após as manifestações provocadas pela morte de George Floyd sob custódia policial em Minneapolis, em 25 de maio.
O presidente Donald Trump, um republicano, enviou os agentes sob o mandato de proteger edifícios e monumentos federais da ação de manifestantes que chamou de "anarquistas" e "vândalos", mas anunciou na semana passada uma operação que amplia esse mandato e prometeu enviar as forças para combater a criminalidade comum, em uma campanha de "lei e ordem" que visa fortalecer sua candidatura à eleição de 3 de novembro.
Os agentes, que são recrutados em forças como a patrulha de fronteiras, estão subordinados ao Departamento de Segurança Interna.
Os prefeitos democratas argumentam que as intervenções federais, sem o consentimento das autoridades locais, são ilegais.
"Apelamos ao Congresso para que aprove uma legislação para deixar claro que essas ações são ilegais e repugnantes", escreveram em uma carta os prefeitos de Portland, Seattle, Albuquerque, Kansas City e Washington, DC. O texto foi encaminhado aos líderes de ambos os partidos no Senado e na Câmara dos Deputados.
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Violência no fim de semana
O apelo se seguiu a uma série de protestos do movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) no fim de semana que marcaram uma escalada na violência, com o aparecimento de supremacistas brancos e uma milícia negra armada.
Uma pessoa foi morta a tiros em um protesto em Austin, Texas, no sábado, e duas pessoas foram baleadas em uma manifestação de domingo em Aurora, Colorado.
Em Seattle, a polícia prendeu 45 pessoas durante um protesto contra o envio de agentes federais para Portland e uma força de emergência para Seattle. Manifestantes em Los Angeles se enfrentaram com policiais em frente ao tribunal federal local no centro da cidade.
A violência do fim de semana no centro de Richmond foi instigada por supremacistas brancos que se apresentavam como manifestantes do Black Lives Matter, disse a polícia. Um grupo de milícias negras marchou em Louisville, Kentucky, no sábado, exigindo justiça por Breonna Taylor, uma mulher negra morta pela polícia dentro de seu apartamento.
Após a violência em Oakland, Califórnia, durante um protesto no domingo, o prefeito Libby Schaaf condenou "agitadores" por vandalizar o centro da cidade e dar a Trump as "imagens que ele deseja" para justificar o envio de agentes federais para as cidades dos EUA.
O Serviço de Delegados dos EUA, uma agência ligada ao Departamento de Justiça, tuitou nesta segunda-feira que estava escalando 100 subordinados para enviar a Oregon a fim de complementar a força que já está no estado para combater "distúrbios civis".
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