Bolsonaro diz que eficácia de máscaras é 'quase nula'

BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro afirmou na tarde desta quarta-feira em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada que a máscara de proteção utilizada contra o novo coronavírus tem eficácia "quase nula".

— Tem algum médico ai? A eficácia dessa máscara é quase nula — afirmou, de máscara, ao responder a uma mulher que disse que só iria tirar fotos com o presidente quando não precisasse mais de máscara.

Em seguida, um homem que estava presente afirmou que "não tem nada a ver" o uso da proteção contra o vírus.

— Também não concordo, não. Acho que não deveria ter máscara porcaria nenhuma — disse.

Bolsonaro, então, repetiu que o equipamento de proteção, indicado por autoridades de saúde, tem "eficácia quase nula".

Outra apoiadora que estava presente na porta do Alvorada afirmou, então, que havia sido contaminada com a Covid-19, mas que já estava curada.

— Qual o remédio? — perguntou o presidente à mulher, que respondeu "cloroquina", substância recomendada por Bolsonaro no tratamento precoce da doença, apesar de não haver comprovação científica da eficácia do medicamento.

— Cloroquina, tomei tudo que o senhor recomendou — disse a mulher.

De acordo com pesquisadores, o uso de máscaras pode impedir que pessoas espalhem germes, como vírus, pelas vias aéreas. Mas eles apontam ainda para uma série de evidências sugerindo que as máscaras também protegem as pessoas que as usam, diminuindo a gravidade dos sintomas ou, em alguns casos, impedindo completamente a infecção.

Diferentes tipos de máscaras "bloqueiam o vírus em um grau diferente, mas todos impedem a entrada do vírus", disse Monica Gandhi, médica de doenças infecciosas da Universidade da Califórnia, em São Francisco. "Se alguma partícula de vírus romper essas barreiras, a doença ainda pode ser mais branda", disse ela. Gandhi e seus colegas defendem esse argumento em artigo publicado no Journal of General Internal Medicine. Partindo de experimentos com animais e observações de vários eventos durante a pandemia, eles afirmam que as pessoas que usam coberturas faciais absorvem menos partículas de coronavírus, facilitando o sistema imunológico a se proteger.



Derrubada de veto

Hoje mais cedo, o Congresso o derrubou um veto do presidente a obrigatoriedade do uso de máscara "estabelecimentos comerciais e industriais, templos religiosos, estabelecimentos de ensino e demais locais fechados em que haja reunião de pessoas", durante a pandemia.

Deputados e senadores também restituíram trecho da lei que prevê multa em caso de descumprimento da norma, desde que o infrator não seja parte de "população vulnerável economicamente".

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