Prefeitura nomeia operador de máquinas copiadoras como gestor de parque ambiental

RIO — Nesta quinta, o Diário Oficial trouxe duas nomeações para chefias de Parques Ambientais da cidade. Uma delas chamou mais atenção pela atuação do escolhido. Marcos Teixeira de Jesus, novo gestor do Parque Municipal Penhasco Dois Irmãos, é, segundo o portal de transparência, operador de máquinas copiadoras da Rio Luz. Procurada, a prefeitura informou que Marcos está apto para função administrativa do cargo e que terá "suporte técnico da gerência de unidades de conservação".

A nomeação pegou de surpresa a então gestora, Rosana Junqueira, que soube pelo DO da sua exoneração. Gestora de parques há 16 anos e há um ano no Dois Irmãos, ela é formada em administração, com especialização em Ciências Ambientais. Procurada, Rosana disse que não sabia o motivo da sua exoneração.

— Foi uma surpresa para mim — explica Rosana, que, em 2004, diz ter passado por entrevistas com chefes da Gerência de Parques no processo de sua transferência para a SMAC. — Não conheço o meu sucessor, só fiquei sabendo que ele trabalhava no almoxarifado da Rio Luz, por isso não sei opinar sobre sua competência. Eu não sou contra indicações políticas, mas acho que o lado técnico não pode ser desprezado.

Com 40 hectares e paisagismo assinado por Fernando Chacel, o Parque Dois Irmãos fica no Leblon, ao lado da comunidade Chácara do Céu, no acesso a um dos principais trabalhos de reflorestamento já produzidos pela prefeitura. No passado, os antigos secretários Mauricio Lobo e Alfredo Sirkis impediram a construção de um hotel naquela área.

APA da Serra dos Pretos

A outra mudança foi na Área de Proteção Ambiental (APA) da Serra dos Pretos Forros. Marcelo de Jesus Rodrigues da Nóbrega, engenheiro mecânico que já trabalhava na Secretaria municipal de Meio Ambiente (SMAC), é o novo gestor.

A reportagem conversou com funcionários da SMAC que, anonimamente, se queixaram das indicações políticas dentro da pasta. Apesar de mudanças nas chefias de parques serem rotineiras na administração pública, as profissões dos nomeados surpreenderam a todos, e a escolha de uma pessoa que trabalhava como operador de máquina copiadora da Rio Luz suscitou questionamentos internos acerca da sua qualificação.

Os funcionários explicam que o trabalho na gestão dos parques é de suma importância para a preservação da fauna, da flora, para garantir um bom uso por parte da população e, inclusive, para garantir qualidade ambiental a regiões em expansão urbana e evitar favelizações.

A APA dos Pretos Forros, por exemplo, fica numa região conflagrada, com disputas entre facções de milícia e do tráfico e há quase dois anos era gerida pelo engenheiro florestal Luiz Octavio de Lima. Ela fica entre Jacarepaguá e a Zona Norte, cortada pela Linha Amarela, e tem esse nome porque, no passado, foi área que abrigou ex-escravos que formavam ali uma comunidade rural. A área foi criada em 2000 para proteger dois remanescentes florestais antigos: a floresta da Covanca e a dos Pretos Forros. Parte dos seus limites estão dentro do Parque Nacional da Tijuca.

SMAC destaca 'experiência'

Procurada, a SMAC informou que os dois nomeados são " dois servidores efetivos da prefeitura com anos de experiência" e que terão "suporte técnico da gerência de unidades de conservação". Marcelo de Jesus está na SMAC desde 2008 e possui, segundo a pasta, especializações em Meio Ambiente, além de mestrado, doutorado e pós doutorado. Já Marcos Teixeira é técnico em eletrotécnica Industrial de formação, servidor da Prefeitura há 36 anos, e "atuou como chefe de almoxarifado e programador das escalas de serviços das equipes da Companhia Municipal de Energia e Iluminação Rio Luz". Agora, foi cedido para a SMAC.

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