A quatro dias do fim de uma eleição marcada pela pandemia do novo coronavírus e que se tornou uma espécie de plebiscito sobre a atuação de Donald Trump à frente do governo, o número de americanos que já depositaram seus votos passou de 85 milhões nesta sexta-feira.
Isso corresponde a 62% de todas as cédulas — antecipadas ou não — depositadas na eleição de 2016.
Em alguns estados, mais eleitores votaram antes do dia três de novembro, quando são fechadas as urnas, do que em toda a votação de quatro anos atrás. É o caso do Havaí e do Texas, um estado historicamente republicano, mas onde pesquisas recentes mostram que uma vitória democrata não seria de todo surpreendente.
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De acordo com a média elaborada pelo site Real Clear Politics, Trump está 2,3 pontos percentuais à frente de Biden, quase o mesmo valor registrado pelo Fivethirtyeight, 2,2, que também coloca em 66% a probabilidade de Trump vencer no chamado “Estado da Estrela Solitária”. Para efeito de comparação, o republicano derrotou Hillary Clinton por 807 mil votos, ou nove pontos percentuais de diferença.
“Para vencer no Texas, acreditamos que os democratas precisam continuar a ganhar em condados urbanos, ficar perto ou ganhar em condados adjacentes e reduzir as grandes vantagens republicanas em áreas rurais e cidades pequenas”, afirmou Matt Angle, fundador do Lone Star Project, uma iniciativa eleitoral ligada aos democratas, em entrevista ao Politico.
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Nesta sexta-feira, a candidata a vice na chapa democrata, Kamala Harris fez campanha no estado, e defendeu que os seus correligionários não abandonem os esforços nessa reta final.
— Hoje é o último dia da votação antecipada aqui no Texas, e vocês todos cumpriram seu dever. Agora sabemos que não é hora de tirar o pé do acelerador, certo? — afirmou Kamala, a primeira candidata a vice-presidente democrata a fazer campanha no estado desde 1988.
Meio-Oeste
Indo além do Texas, Biden e Trump focaram nos estados do Meio-Oeste, justamente alguns dos mais atingidos pela segunda onda de infecções pelo novo coronavírus nos EUA.
No Michigan, onde venceu em 2016 e aparece atrás do democrata nas pesquisas, Trump disse que vai agir para recuperar a indústria automobilística e aumentar o nível de emprego na região. Na linha dos ataques a Biden, sugeriu que as propostas do rival para fazer a transição para uma economia verde podem ter impacto desastroso para os trabalhadores. Ele também acusou, de maneira falsa, os médicos de tentarem enriquecer com a pandemia.
— Nossos médicos ganham mais dinheiro se alguém morrer de Covid — afirmou.
O presidente também participou de eventos no Wisconsin e em Minnesota — sua agenda de campanha aponta nada menos que 17 comícios até segunda-feira, com visitas focadas em locais onde venceu há quatro anos e são necessários para que continue na Casa Branca.
Biden fez paradas no Michigan, Wisconsin e em Iowa, onde as pesquisas mostram um empate entre os dois candidatos. Embora o estado destine um número pequeno de votos no Colégio Eleitoral ao seu vencedor, seis, eles podem fazer toda a diferença caso a disputa se mostre mais acirrada do que as projeções atuais, que apontam para vitória confortável do democrata. Nos discursos, atacou a forma como Trump vem enfrentando a pandemia.
— Ao contrário de Donald Trump, não vamos nos render ao vírus — afirmou, se referindo a comentários do chefe de Gabinete do presidente, Mark Meadows, que afirmou, no domingo, que o foco do governo não era mais conter o novo coronavírus.
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As últimas sondagens apontam ser praticamente certas vitórias de Biden em locais onde Hillary Clinton foi derrotada há quatro anos: é o caso da Pensilvânia, onde nasceu o ex-vice-presidente, e da Geórgia, um reduto republicano e que pode escolher um democrata pela primeira vez desde 1992.
Por sua vez, nenhum analista arrisca fazer palpites sobre Ohio, onde Trump lidera por pequena margem, e sobre a Flórida, que, assim como o Texas, teve um grande número de eleitores que votaram de forma antecipada: 7,8 milhões, ou 81% de todos os votos depositados em 2016.
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