Pesquisa aumenta pressão para que Bandeira de Mello desista da eleição para a Prefeitura do Rio e apoie Martha Rocha

RIO — O resultado da pesquisa Datafolha da semana passada com intenções de voto para a prefeitura do Rio fez com que o candidato da Rede, Eduardo Bandeira de Mello, passasse a ser pressionado a desistir da candidatura em prol de Martha Rocha, do PDT. Parte dos concorrentes e dos aliados do ex-presidente do Flamengo acredita que ele poderia abrir mão de tentar se eleger para ajudar a garantir que Martha ultrapasse o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) no primeiro turno e dispute o segundo turno com Eduardo Paes (DEM).

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Paes apareceu com 28% da preferência dos entrevistados, enquanto Crivella e Martha empataram numericamente, com 13%. Dentro da margem de erro, Benedita da Silva (PT) também aparece na segunda colocação, com 10%. Bandeira acumula 3% das intenções e, se conseguisse transferir votos para a pedetista, poderia ajudá-la a ultrapassar Crivella nas projeções, em busca da vaga no segundo turno.

Na avaliação de alguns apoiadores de Bandeira, um movimento em direção a Martha poderia levá-lo a integrar um eventual governo municipal, um desdobramento considerado positivo por esses interlocutores. O candidato e o porta-voz nacional da Rede, no entanto, negam que a possibilidade esteja em discussão.

— Não existe essa conversa. A Rede tem a candidatura do Bandeira como prioritária. Nunca houve a discussão ou qualquer possibilidade de tirar a candidatura do Bandeira. Pesquisas refletem momentos, e os momentos mudam. Não vamos alterar a candidatura — afirmou ao GLOBO Pedro Ivo Batista, responsável por manifestar as posições oficiais do partido.

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Nos bastidores da campanha de Bandeira, o início do burburinho — encampado por aliados — foi atribuído à militância do PDT, partido com o qual a Rede havia firmado aliança durante o período da pré-campanha. Antes de se tornar cabeça de chapa, Bandeira e Martha integravam o rascunho da chapa que marcaria a coalização entre Rede, PDT e PSB no Rio. Bandeira, no entanto, não ficou satisfeito com os critérios que fizeram Martha ser escolhida pelo PDT como cabeça de chapa sem um debate aprofundado dos bônus e ônus dos nomes dele e dela. Antes de a parceria ser desfeita e de assumir a própria candidatura, Bandeira desenvolveu a percepção de que os entusiastas de Martha já o tinham como vice e linha auxiliar da candidata — cenário que ele acredita estar se repetindo agora, em meio à disputa.

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De acordo com o blog do colunista do GLOBO Lauro Jardim, o anúncio da desistência de Bandeira poderia acontecer ainda esta semana, na sexta-feira. O candidato, no entanto, utilizou as redes sociais nesta segunda-feira para informar que pretende permanecer na disputa e ainda mandou recado aos oponentes:

"Digo à Nação Carioca que espero nos próximos dias que Paes, Crivella, Benedita e a própria delegada Martha Rocha abram mão de suas candidaturas em favor da minha. A população do Rio lhes será extremamente grata por este ato de desprendimento e amor ao Rio", escreveu Bandeira.

Presidente do PDT diz desconhecer intenção

Nas fileiras de apoio à Martha Rocha no PDT, a possível desistência de Bandeira surpreendeu lideranças partidárias e cabos eleitorais da candidata. A avaliação interna é que discordâncias da própria Rede podem ter tido como consequência o início da pressão para um movimento favorável ao PDT, que não teria sido comunicado ao presidente nacional da sigla, Carlos Lupi.

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— Da nossa parte não tem conversa nenhuma. Dialogamos na época da convenção, mas não voltamos a falar com a Rede a respeito de candidaturas. Somos aliados nacional, temos várias alianças, mas não voltamos a tocar no assunto do Rio. Mas se for decisão deles, será bem-vindo. Respeitamos a candidatura do Bandeira, homem de bem, bom gestor e bom presidente do Flamengo — afirmou Lupi.

Martha Rocha, assim como o correligionário, também não tem dialogado com aliados sobre uma possível desistência de Bandeira de Mello. Os dois, quando questionados um sobre o outro, costumam dizer que o rompimento da aliança entre os partidos não deixou rusgas pessoais e nem abalou um sentimento de respeito mútuo.

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