SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O advogado Lucas Doria, representante dos empresários Guilherme Aciolly, acusado e indiciado por agressão grave ao ator Henri Castelli, 42, e Bernardo Malta, a pessoa com quem Castelli teve uma discussão, afirma que foi o artista quem começou a briga.
De acordo com ele, tudo aconteceu no dia 30 de dezembro numa festa na região de Barra de São Miguel (AL). Segundo a versão do advogado, Castelli havia pedido alguns ingressos a Bernardo, que é dono de uma casa noturna na região, para curtir uma festa com amigos. Após receber 15 entradas, o ator foi ao local, mas não gostou por causa das poucas pessoas presentes.
Então, teria se dirigido a outra festa que fica a cerca de 50 minutos do local. Por lá, segundo Doria, ele encontrou o próprio Malta que celebrava seu aniversário na festa em frente a uma marina. Foi então que uma discussão teria começado.
"Henri estava transtornado, exaltado, não estava legal, e batia na tecla que festa [na casa noturna de Malta] tinha sido uma merda. O Bernardo também foi se irritando e virou um bate-boca. Um amigo de Bernardo, o Guilherme, falou para ele sair de lá. Foi então que o ator deu o primeiro soco que era para acertar o Bernardo e pegou no Guilherme, que revidou", conta Doria.
De acordo com o advogado, Guilherme teve um derrame no olho. Na visão da defesa, o inchaço no rosto de Castelli, semanas após o ocorrido, é por causa da cirurgia que ele fez quando deixou Alagoas. "Isso faz com que o público ache que quem bateu nele sejam verdadeiros bandidos. Mas até quando tira o dente do siso fica inchado."
O advogado conta também que um marinheiro que nada tinha a ver com a confusão, teria dado um depoimento na manhã desta quinta-feira (14) e dito que viu quando Castelli iniciou a briga. Ele torce para que este desdobramento ajude. "Vamos aguardar o inquérito evoluir. Caso ele seja arquivado ou meus clientes sejam inocentados vamos estudar entrar com um processo contra Castelli", conclui.
Delegado que cuida do caso, Fabrício Lima do Nascimento não quis confirmar à reportagem se de fato um marinheiro foi ouvido e deu a versão de que Castelli começou a briga, mas afirma que nada mudará o curso do inquérito neste momento. "Não temos novidades que influenciem o rumo do caso. O contraditório caberá na fase processual quando da Ação Penal."
Ao jornal Folha de S.Paulo, contou que um dos acusados, Aciolly, já foi indiciado por lesão corporal grave. Ele confessou ter dado um soco em Castelli, mas alegou ter sido em legítima defesa.
Segundo o delegado, mais gente poderá ser indiciada até o final desta semana e testemunhas estão sendo ouvidas. Um outro acusado tem sido investigado (Bernardo). Agora, o inquérito de indiciamento será enviado à Justiça e ao Ministério Público.
"A conclusão desse caso dependerá da análise do Ministério Público e envio do caso ao juiz que deverá analisar as provas, os antecedentes criminais dos envolvidos e talvez pedir a prisão preventiva deles. Caso haja condenação, a pena seria de 1 a 5 anos em regime fechado", explica Nascimento.
VERSÃO DO ATOR
Na versão do ator Henri Castelli, 42, não foi ele que começou a briga em Maceió no último dia 30. Segundo o ator, ele foi "agredido covardemente" e está "rezando para não ficar com sequelas".
"Vocês devem ter visto que eu dei entrada na Santa Casa de Alagoas no final do ano, por ocasião de um acidente na academia", disse nas redes sociais. "A verdade é que não foi um acidente e não foi na academia. Eu fui agredido covardemente sem que eu pudesse reagir ou me defender."
"O que aconteceu foi que eu estava com alguns amigos, e do nada eu fui puxado pelas costas, pelo pescoço, jogado no chão e fui agredido", contou. "Vítima de socos e chutes que levaram a uma fratura exposta na minha mandíbula."
Emocionado, ele disse que já havia percebido a gravidade da lesão no caminho do hospital. "A impressão que eu tinha era que minha boca estava pendurada naquele momento", lembrou. "Liguei imediatamente para minha dentista, que me orientou a ir para um hospital mais próximo."
Ele disse que a profissional acompanhou de forma virtual o atendimento da equipe médica local. "O médico e sua equipe que foram espetaculares, agradeço aqui publicamente", disse. Ele explicou que a mandíbula dele foi amarrada com um fio de aço para que ele pudesse viajar para São Paulo, onde fez uma cirurgia para correção da mesma.
Porém, antes disso, ele teve de cumprir compromissos profissionais em Fernando de Noronha. Como a família dele ainda não sabia do ocorrido, ele pediu para sua assessoria de imprensa falar que ele tinha tido um acidente.
"Para quê?! Para não assustar a minha família, porque ligar pra sua mãe e dizer: 'Mãe, eu fui agredido, fraturei a minha mandíbula, mas eu estou bem', não era a melhor ideia a se fazer", avaliou. "Ela só soube de tudo depois que eu voltei para casa, depois da cirurgia."
Orientado por seu advogado, ele também contou que procurou uma delegacia local e que os agressores foram chamados para prestar esclarecimentos. Ele também fez um exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal de Maceió.
De volta a São Paulo no dia 7 de janeiro, ele fez a cirurgia no hospital Albert Einstein. "Naquele momento, eu só pensava na minha família, nos meus filhos, eu senti muito medo de ficar com sequelas para sempre, porque a minha boca ainda está torta e muito inchada e roxo", afirmou.
Ele diz que só comunicou o que aconteceu para a mãe depois que recebeu alta. "Só então eu falei a verdade para a minha mãe e minha família", disse. "Só agora eu também me senti tranquilo para vir aqui contar o que aconteceu."
Agora, ele vai precisar de repouso e médico. "Torcer para que se Deus quiser não tenha sequela nenhuma", disse. "Há muito o que se fazer ainda. Então, é isso, meus queridos amigos. Eu precisava vir aqui para falar com vocês, porque eu respeito muito o carinho que vocês têm por mim."
"A todos aqueles que, infelizmente, não sabem o que fazem, eu perdoo", afirmou. "Não tenho raiva nenhuma. Só quero me recuperar e rezar e ficar sem sequelas nenhuma."
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