RIO — No mesmo dia em que o mundo passou de 2 milhões de mortes por Covid-19, o Brasil registrou 1.131 novos óbitos nas últimas 24 horas, dos quais 113 ocorreram no Amazonas. No total, são 208.291 vidas perdidas desde o início da pandemia. Também foram registrados 68.138 novos contágios, totalizando 8.394.253.
A média móvel de casos, que atingiu seu nível recorde nesta quinta-feira, foi de 54.048, 51% maior do que a registrada 14 dias atrás. Já a média de mortes foi de 964, um avanço de 37% em relação àquela registrada há 14 dias.
A "média móvel de 7 dias" faz uma média entre o número de mortes do dia e dos seis anteriores. Ela é comparada com média de duas semanas atrás para indicar se há tendência de alta, estabilidade ou queda. O cálculo é um recurso estatístico para conseguir enxergar a tendência dos dados abafando o "ruído" causado pelos finais de semana, quando a notificação de mortes se reduz por escassez de funcionários em plantão.
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Os dados são do consórcio de veículos de imprensa, uma iniciativa formada por O GLOBO, Extra, G1, Folha de S.Paulo, UOL e O Estado de S. Paulo, que reúne informações divulgadas pelas secretarias estaduais de Saúde em um boletim divulgado às 20h. Os governos de Goiás e São Paulo não informaram seus dados. De acordo com a Secretaria de Saúde de São Paulo, houve falhas no sistema do Ministério de Saúde.
Infográfico: Números do coronavírus no Brasil e no mundo
Manaus vive em estado de caos sanitário. A Força Aérea Brasileira iniciou nesta quinta-feira a transferência de pacientes em estado moderado para sete estados.
O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC) avaliou, em entrevista ao GLOBO, que os "próximos dias em Manaus serão difíceis".
— A gente acredita que em dois dias nós já tenhamos normalizado a nossa situação, levando em consideração que há uma possibilidade de transferência de pacientes e o fato de que teremos cargas de cilindros de oxigênio chegando — explicou.
Lima ressaltou que o estado fez "tudo o que era possível", inclusive a abertura de 700 leitos, para evitar uma situação semelhante a vista no primeiro pico da pandemia em Manaus, entre abril e maio. Mas agora, segundo o governador, em apenas "dez ou 15 dias", o consumo de oxigênio hospitalar mais do que duplicou.
A população corre atrás de cilindros por conta própria. É o caso do trabalhador autônomo Adenauer Silva Seixas, de 36 anos, que cuida de sua mãe, Maria do Socorro Silva Seixas, de 64 anos, que está com Covid-19. Com a ajuda de um conhecido, Adenauer conseguiu comprar oxigênio hospitalar para ela fazer o tratamento em casa. Cada balão custava R$ 500. Agora, ele ainda conta com um cilindro cheio, mas não conseguiu renovar seu estoque.
— A gente tinha o dinheiro na mão, mas não tinha mais onde comprar. O jeito foi trazê-la para o hospital, mas ninguém nos informa se eles têm oxigênio ou não. Por enquanto estamos com o nosso cilindro aqui, que está carregado. — revelou. — Como eles fazem uma palhaçada dessas? Como podem deixar as pessoas morrerem pois não tem oxigênio? É um sentimento de dor, revolta, não sei nem explicar.
O governo estadual decretou toque de recolher das 19h às 6h. Ontem, primeira noite com a medida em vigor, as ruas estavam praticamente vazias.
O presidente Jair Bolsonaro afirmou, em conversa com apoiadores no Palácio Alvorada, que a União cumpriu o seu papel.
— Problema em Manaus. Terrível o problema lá — disse, em conversa com apoiadores no Palácio do Alvorada. — Agora, nós fizemos a nossa parte. Hoje as Forças Armadas deslocaram para lá um hospital de campanha. O ministro da Saúde esteve lá na segunda-feira, providenciou oxigênio.
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