SÃO PAULO. Adversário político do presidente Jair Bolsonaro, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), fez nesta sexta-feira um apelo aos deputados federais para que não permitam que o Congresso Federal se transforme em extensão do poder Executivo, cuja gestão ele considera "desastrosa" e conduzida por um "facínora".
Em almoço com 24 parlamentares de partidos que apoiam a candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP) Doria coloca em prática uma estratégia em parceria com o vice-governador Rodrigo Garcia (DEM) e o atual presidente da Câmara Rodrigo Maia, para evitar traições das bancadas de PSDB e DEM na votação da presidência da Casa. Estiveram presentes parlamentares de partidos como PSDB, DEM, MDB, Cidadania, PSL e PV.
— Eu sei o que é a dor de uma ditadura militar. Sei o que representa o totalitarismo e o poder concentrado nas mãos de um homem. Imaginem de um homem destemperado, desequilibrado e despreparado como o atual presidente da República — atacou Doria.
O governador paulista continuou:
— Garantir a ele a extensão do poder do Palácio do Planalto ao Congresso Nacional, é estender o desastre da administração pública brasileira diante da gravidade de uma pandemia que já levou a vida de 205 mil brasileiros. O que está em jogo é o futuro do Brasil, não é apenas o futuro da Câmara Federal — disse.
Durante o encontro, Doria sugeriu que a sociedade reaja ao presidente:
— Será que o Brasil, que já se mobilizou nas ruas pela mudança, com movimentos cívicos de ordem popular, vai continuar quieto e não vai reagir? Reaja Brasil, reaja Congresso Nacional, cumpra o seu papel. Cada parlamentar sabe o seu papel, a força da sua voz.
Mais tarde, em entrevista ao programa Brasil Urgente, da "TV Bandeirantes", Bolsonaro criticou as ações do governador paulista no combate à pandemia de covid-19.
— Ele quer jogar a responsabilidade para cima de mim? Será que ele tem coragem, que homem ele não é, nós sabemos que esse pilantra não é homem — afirmou.
ARCO DE ALIANÇAS
Em São Paulo, presente no encontro com Doria, o deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP) disse que a candidatura do adversário Arthur Lira (PP-AL) é "submissa ao Palácio do Planalto" e flerta com grupos radicais que "até pouco tempo defendiam o fechamento do Congresso Nacional".
— Hoje a nossa candidatura se fortalece um pouco mais. Nasceu de uma frente ampla de 11 partidos que deixaram as diferenças de lado para defender as instituições , uma Câmara independente, a ciência, a vacina e a vida.
Para Rossi, a Câmara dos Deputados deve ser "contraponto aos exageros do governo federal" e criticou a administração federal:
— É triste ver que quase 60 países já estão vacinando sua população e o Brasil fica para trás. Fica para trás a esperança do brasileiro de ver sua vida voltar ao normal.
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