RIO — O jornal indiano "The Times of India" noticiou que o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores daquele país, Anurag Srivastava, disse nesta quinta-feira ser "cedo demais" para garantir que a Índia vá conseguir disponibilizar a outros países doses do imunizante de Oxford, produzidas localmente pelo Serum Institute. Segundo ele, o país tem como prioridade imunizar sua população, o que está marcado para começar neste sábado (16).
— É muito cedo para dar uma resposta específica sobre o fornecimento a outros países. Ainda estamos avaliando os cronogramas de produção e a disponibilidade para tomar decisões a esse respeito. Isto pode tomar algum tempo — afirmou Srivastava.
A declaração contraria os planos do governo brasileiro, que marcou para a próxima quarta-feira (20) o início da vacinação no Brasil, caso a Anvisa aprove, no domingo, o uso emergencial das vacinas da AstraZeneca/Oxford e a CoronaVac. As duas milhões de doses do imunizante que virão da Índia estão nos cálculos do governo para garantir o início da vacinação.
O avião que irá buscar as doses saiu nesta quinta-feira de Campinas (SP) e está em Recife (PE). A previsão é que ele decole nesta sexta com destino a Mumbai para trazer as vacinas. A previsão inicial era que ele seguisse para a Índia nesta quinta, mas a operação foi adiada, segundo o governo, por "questões logísticas internacionais".
No fim da noite desta quinta, questionado pela reportagem do GLOBO, o governo brasileiro afirmou que "está tudo bem encaminhado para que as vacinas possam chegar ao Brasil no início da próxima semana, respeitadas as circunstâncias da Índia".
Essa não é a primeira vez que uma autoridade indiana coloca em dúvida a exportação da vacina para o Brasil. Há dez dias, o presidente do Instituto Serum, laboratório indiano contratado para produzir 1 bilhão de doses da vacina de Oxford contra Covid-19 para países em desenvolvimento, Adan Poonawalla, havia dito que o governo local não iria permitir a exportação da vacina de Oxford produzida no país. Um dia depois o prórprio Poonawalla afirmou que "a exportação de vacinas está permitida para todos os países".
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