Biden volta a defender negociações sobre desnuclearização da Península Coreana, mas vê objetivo como 'incrivelmente difícil'

WASHINGTON — O presidente americano Joe Biden voltou a apontar a desnuclearização da Península Coreana como principal objetivo da estratégia dos EUA para a Coreia do Norte, que segundo estimativas teria até 40 ogivas operacionais. Durante reunião com o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, na Casa Branca, os dois discutiram a recente revisão da política dos EUA para a região, que rompe com os roteiros dos ex-presidentes Barack Obama (“paciência estratégica”) e Donald Trump (“grande barganha”).

A nova estratégia se baseia em uma “aproximação calibrada e prática”, utilizando elementos das políticas anteriores, mas evitando passos mais agressivos, como as reuniões públicas entre Trump e o líder norte-coreano Kim Jong-un. Para Biden, qualquer tipo de diálogo bilateral com Pyongyang em alto nível precisará ser precedido por um compromisso dos norte-coreanos com a desnuclearização. Durante o encontro, Biden, reconheceu, ao lado de Moon Jae-in, que esse é um objetivo complexol, e que não será obtido de um dia para o outro.

— Não temos dúvidas sobre a dificuldade, absolutamente nenhuma. Os últimos quatro governos (dos EUA) não alcançaram o objetivo. É uma meta incrivelmente difícil — declarou Biden.

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Por isso, o líder sul-coreano elogiou o apoio demonstrado às iniciativas de retomada do diálogo intercoreano — os canais estão praticamente congelados desde o fracasso na reunião entre Trump e Kim em fevereiro de 2019, uma situação agravada pela decisão de Pyongyang de virtualmente isolar o país desde o início da pandemia.

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O governo americano incentiva ainda o uso da Declaração de Panmunjom como uma das bases para esse diálogo. O texto, assinado por Moon Jae-in e Kim Jong-un em 2018, trazia compromissos relacionados ao apaziguamento da península, incluindo mecanismos de trocas políticas e comerciais, além de medidas para reduzir as tensões nas áreas ao longo da fronteira. O documento traz ainda um acerto das duas nações em torno da “desnuclearização”, mas sem estabelecer o que seria essa desnuclearização, o que provocou certa decepção no meio diplomático na época.

Foco na Ásia

A visita de Moon Jae-in ajuda a cimentar a mudança de foco da diplomacia do governo americano em direção à Ásia — Biden recebeu apenas dois líderes estrangeiros na Casa Branca, desde que chegou ao cargo: o presidente coreano e o premier japonês, Yoshihide Suga, em abril.

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A ambos pontuou a postura americana de apoiar seus aliados e de buscar deles o apoio para uma contenção à China, muito embora alguns, como Japão e Coreia do Sul, não tenham tanta margem para confrontar Pequim. Como no encontro com Suga, os presidentes não usaram linguagem agressiva ao mencionar temas como a estabilidade no Estreito de Taiwan ou a segurança no Mar do Sul da China, optando por promover ações de cooperação estratégica entre os governos.

Ao longo das várias horas de reuniões, Biden e Moon abordaram a produção e distribuição de vacinas contra a Covid-19. Muito embora a Coreia do Sul tenha a capacidade de produzir imunizantes, até o momento ela depende de doses enviadas do exterior, o que explica menos de 3% dos coreanos terem sido completamente vacinados. Os dois se comprometeram em trabalhar de forma conjunta para sanar essa questão, e o presidente americano anunciou que os EUA vacinarão todos os 550 mil militares sul-coreanos em breve.

Marcando mais um dos pilares da cartilha de Biden à frente da Casa Branca, os dois líderes defenderam ações para garantir o financiamento a ações relacionadas a ações climáticas no mundo. No mês passado, durante a Cúpula de Líderes para o Clima, Moon Jae-in se comprometeu, além de ampliar seus compromissos relacionados a cortes de emissões de gases, a suspender todo o financiamento estatal sul-coreano a projetos internacionais relacionados ao carvão e seu uso para geração de energia.

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