HOTAN, KASHGAR E URUMQI, China — Após uma ampla reforma, está quase tudo pronto para a reabertura do museu que conta a história da província chinesa de Xinjiang, prevista para os próximos dias. Num tour antecipado para jornalistas estrangeiros, o curador do museu mostra fragmentos de 3 mil anos descobertos na região que têm características da China antiga, como seda e porcelana. Esses são claros indícios de que Xinjiang é "parte inseparável" da civilização chinesa, diz Yuzhi Young.
A referência ao passado distante tem ligação direta com a mensagem do presente que o governo chinês tenta consolidar sobre seus direitos históricos nesta província no extremo oeste do país habitada por minorias étnicas e sonhos separatistas. Acusada de crimes contra a Humanidade em Xinjiang, a China se lançou numa cruzada de relações públicas para tentar remodelar à sua maneira a narrativa sobre o que se tornou nos últimos meses um dos temas mais explosivos na relação entre Pequim e o Ocidente. Sob ataque, o país saiu da defensiva e passou a rebater com cada vez mais empenho a incriminação, seja em entrevistas coletivas semanais em Pequim ou viagens organizadas pelo governo para diplomatas e jornalistas.
Tudo isso, porém, sem permitir que jornalistas e investigadores independentes tenham livre acesso para desvendar o que realmente acontece em Xinjiang. Há dois anos, a alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, tenta negociar com o governo chinês uma visita à província. Daí a enorme dificuldade de se traçar um quadro nítido sobre as acusações, mesmo para quem vai a Xinjiang, como fez a reportagem do GLOBO entre os dias 9 e 15 de maio como parte de uma das viagens organizadas pelo governo. Leia a reportagem completa aqui.
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