Bolsonaro terá alta do hospital neste domingo, diz médico do presidente

Jair Bolsonaro

Anna Virginia Balloussier
FolhaPress

O presidente Jair Bolsonaro terá alta neste domingo (18), afirmou em entrevista o médico Antonio Macedo, o cirurgião-chefe da equipe que cuida do presidente, internado desde quarta-feira (14) em um hospital de São Paulo com um quadro de obstrução intestinal.


Macedo falou neste sábado (17) com os jornalistas na porta do hospital Vila Nova Star. Segundo ele, o sistema digestivo de Bolsonaro já está funcionando. O próximo passo é passar da alimentação cremosa (que se come com colher) para a pastosa (com garfo), explicou.


Já a preferência por alimentos não fermentados é para evitar gases, diz o cirurgião-chefe. Andar de moto também não ganhou aval do médico. "Sem condição." Adepto de motociatas, Bolsonaro deve furtar-se de subir numa até se recuperar plenamente, embora Macedo tenha frisado não ser "contra motocicletas".


Macedo sugere a Bolsonaro mastigar bem a comida, ter refeições mais leves e se exercitar para não repetir o quadro clínico. O presidente emagreceu, embora não saiba precisar quantos quilos perdeu.


O médico diz que, a depender da avaliação médica, já na segunda o presidente deve estar apto a dar expediente no Palácio do Planalto.


Pela manhã, Bolsonaro compartilhou com seus seguidores uma foto tomando sopa e um vídeo-meme: ele andando no hospital com a figura achatada, uma distorção conhecida na internet como "wide walking" e que ele já havia usado em novembro.


Também publicou um vídeo atribuído ao empresário bolsonarista Luciano Hang, uma montagem enfatizando a simpatia do ex-presidente Lula, provável rival em 2022, pela ditadura cubana.


"Ele tá bem. O soluço parou. Ele tava com um soluço há mais de dez dias, sem parar. Eu fiquei apavorado quando estive com ele, 'presidente, que loucura é essa, você tem que ver isso', um soluço intermitente", conta o aliado Silas Malafaia, pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo. "Uma coisa de maluco."


Pastor e presidente se reuniram para "conversar sobre a safadeza da CPI [da Covid]" no dia 8 de julho, em Brasília, uma semana antes da internação.


O presidente está há quatro dias hospitalizado. Chegou na manhã de quarta (14) no Hospital das Forças Armadas, em Brasília, queixando-se de dores abdominais. Vinha também de uma crise de soluços que durou pelo menos 11 dias.


No mesmo dia, embarcou em um avião da Força Aérea Brasileira e viajou até São Paulo, para passar por avaliação médica no hospital Nova Vila Star e ver se precisaria ser operado de novo. Por ora, não é o caso.


Oito em cada dez quadros similares ao de Bolsonaro se resolvem apenas com tratamento clínico. Uma das terapias consiste em drenar do estômago do paciente, com uma sonda nasogástrica, líquidos resultantes da saliva deglutida, do muco do intestino, do suco gástrico, da bile e do suco pancreático.


"Foi retirado um litro de líquido", disse na quinta (15) o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho 03 do presidente.
Na sexta (16), Bolsonaro voltou a comer e, segundo boletim médico, apresentou evolução satisfatória. Redes sociais e declarações de correligionários viraram outra fonte de informação, reforçando a narrativa de que o mandatário passa bem e continua trabalhando.


Se a temporada hospitalar começou com a imagem do presidente sem camisa, de barriga estufada, recebendo cuidados sobre uma maca, as fotos seguintes o mostram na ativa, ainda que sob cuidado médico.


Na sexta, postou um retrato em que aparece conversando pelo celular com seu ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos. "Via internet, seguimos fazendo o possível para manter os compromissos. Despachando com ministros. Boa tarde a todos!", diz a legenda.


O titular da Economia, Paulo Guedes, visitou o chefe à noite. Na véspera, foi a vez do ministro Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).


Numa rede social, a primeira-dama Michelle Bolsonaro agradeceu ao ex-secretário da Secom (Comunicação Social) Fábio Wajngarten, que em maio chegou a ser alvo de um pedido não concretizado de prisão na CPI por se esquivar de questões potencialmente comprometedoras para o governo federal.


"Fábio sendo Fábio. Thanks, brother!", escreveu em cima de uma foto com sacolas de uma famosa frutaria paulistana.
No hospital de elite, Bolsonaro tirou fotos com pacientes e passeou sem máscara pelos corredores do hospital, que se apressou a esclarecer que "acolhe integralmente a legislação brasileira" e, por causa disso, "todos os pacientes internados na unidade são testados para Covid-19, o que inclui o senhor presidente da República".


De pijama do hospital, o presidente participou da inauguração virtual de uma agência da Caixa Econômica Federal em Missão Velha (CE). Aproveitou a canja online para mais uma vez associar os atuais problemas de saúde ao atentado que sofreu no ano eleitoral.


"Tô bem, graças a Deus. O problema que eu tive no início desta semana foi ainda em função da facada que recebi em 2018, na questão de aderência [partes do intestino que ficam coladas]. De vez em quando trava o intestino", disse, celebrando em seguida não ter precisado operar.


"Tô louco pra voltar pra trabalhar, rever os amigos, voltar para o seio da família e, realmente, botar o Brasil para andar."
Na manhã deste sábado, dois idosos, um homem e uma mulher, faziam guarda na frente do Vila Nova Star. Ele, paramentado com duas bandeiras do Brasil, a camisa da seleção, uma placa onde se lia "somos Bolsonaro", outra com "Bolsonaro Selva!" e uma imagem de Jesus Cristo.

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