Flávio defende governo, ataca Renan e se desentende com outros senadores

BRASÍLIA - Quem assumiu a tarefa de defender o governo na sessão desta quarta-feira na CPI da Covid foi o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro. Ele refutou irregularidades, disse que o governo está sendo acusado de comprar vacinas, elogiou a depoente da reunião, tentou garantir o trabalho dos advogados dela e também bateu boca com alguns senadores. Seu alvo preferencial foi o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), que faz oposição a Bolsonaro.

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Flávio citou reportagem do site "Poder 360" segundo a qual a Polícia Federal apura a ligação entre Renan e Francisco Maximiano, dono da empresa Precisa Medicamentos. A Precisa é a representante do laboratório indiano Bharat Biotech, que desenvolveu a Covaxin, a vacina mais cara negociada pelo Ministério da Saúde e centro de um escândalo envolvendo o governo federal. O servidor da pasta Luis Ricardo Miranda e seu irmão, o deputado Luis Miranda (DEM-DF), disseram que, em encontro com Bolsonaro em 20 de março, relataram que havia pressão dentro do ministério para liberar a Covaxin.

— Existem algumas investigações que dão conta de que houve, teria havido algum favorecimento, por parte da Precisa, para o senhor Milton Lyra, que, segundo a matéria, seria o operador, o laranja do senhor Renan Calheiros — disse Flávio, que ainda disse:

— Renan Calheiros, aqui nos corredores do Senado todos já sabem, se utiliza da qualidade de relator para fazer perseguição pessoal, em especial comigo.

Renan rebateu:

— Eu nunca tive operador na minha vida. Minha vida sempre foi transparente, absolutamente transparente. Nunca me acusaram de ter operador. Quem é acusado de ter operador é o Senador Flávio Bolsonaro. Quando ele se dirige a mim, eu acho que ele está se dirigindo à pessoa errada. Eu acho que ele deve estar dirigindo ao [Fabrício] Queiroz — disse Renan, em referência ao ex-assessor de Flávio envolvido no escândalo das "rachadinhas".

— Não, Lyra — devolveu Flávio.

— Ao Adriano da Nóbrega — continuou Renan, citando o PM do Rio de Janeiro e miliciano que foi morto pela polícia baiana.

— Ao Lyra — insistiu Flávio.

— Por favor, me erra, entendeu? E responde às acusações que pesam sobre você — devolveu o relator da CPI.

— Todas respondidas e nada comprovado, diferente do senhor — respondeu Flávio.

Renan não se defendeu apenas. Também partiu para o ataque. Ao fazer perguntas à depoente, ele tentou traçar possíveis relações de Flávio com pessoas ligadas à Precisa. Ela disse desconhecer porém a existência dessas relações.

— É uma pergunta sem pé nem cabeça. O senhor sabe disso. Só pra registrar — afirmou Flávio.

Em outro momento, reclamou do trabalho de Renan como relator.

— Quer induzir a depoente a falar o que ele quer! Que coisa chata, rapaz! — disse o filho do presidente.

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Desentendimentos com outros senadores

Flávio também se desentendeu com os senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Simone Tebet (MDB-MS). Com Alessandro, o motivo foram os limites da assistência que os advogados podem prestar à depoente. O senador de oposição era contra os defensores responderem algumas perguntas no lugar dela. Alessandro também provocou Flávio por ele ter tirado a máscara em reuniões anteriores.

— Primeiro, parabenizar pela possibilidade da leitura, hoje, usando a máscara — disse Alessandro.

Quando ele quis fazer perguntas sobre contratos anteriores da Precisa com o Ministério da Saúde para compará-lo ao que trata da compra da Covaxin, Flávio disparou:

— Isso não tem nada a ver com a CPI também. Pelo amor de Deus!

Simone reclamou de palavras que Flávio disse fora do microfone e disse que, se repetidas, representaria contra ele no Conselho de Ética.

— No microfone, ele não tem coragem de falar o que disse para mim agora — disse Simone.

— Que a senhora está induzindo a depoente a falar o que a senhora quer — afirmou Flávio.

— Não, não foi isso o que o senhor disse — rebateu Simone.

— Foi, foi! — defendeu-se Flávio.

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Em defesa do pai

Flávio afirmou que o presidente tomou providências ao receber o relato em 20 de março de que havia pressão pela liberação da vacina Covaxin. A denúncia foi feitas pelos irmãos Mirandas. Segundo a explicação dada anteriormente pelo governo, Bolsonaro mandou o Ministério da Saúde investigar, mas a pasta não achou nenhuma irregularidade.

— O presidente tomou as providências e foi o retorno que teve: que não havia nada de equivocado dentro desses procedimentos, como era o que tinha que voltar, porque as coisas todas foram feitas, as providências foram tomadas. Então, está muito claro que mais uma narrativa foi desmontada — disse Flávio, que ainda ironizou:

— O governo Bolsonaro agora, diferente do início da CPI, está sendo acusado de ter pressa na compra das vacinas!

Ele também elogiou a depoente, a diretora técnica da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, uma vez que a versão dela sobre a documentação da importação da vacina Covaxin está em sintonia com o que é sustentado pelos senadores governistas, e em choque com as denúncias de irregularidade no Ministério da Saúde. Flávio reclamou ainda que ela estava sendo alvo de constrangimento por parte de alguns senadores.

— Parabéns pela sua coragem, pela sua firmeza, por não se intimidar quando algumas pessoas tentam praticamente obrigá-la a falar o que querem ouvir — afirmou Flávio.

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