Número de mortos em queda de prédio em Miami passa a 24 e autoridades antecipam demolição antes de tempestade

SURFSIDE, EUA — Autoridades do estado da Flórida confirmaram, neste sábado, que mais dois corpos do desabamento de um prédio na cidade de Surfside, nos subúrbios de Miami, foram encontrados, colocando o total de vítimas em 24. Até o momento, 121 pessoas seguem desaparecidas, e a preocupação agora, além do lento trabalho de busca praticamente sem a esperança de encontrar sobreviventes, é com a possível chegada de uma tempestade tropical à área.

Muito embora destaque que as buscas sejam a prioridade no momento, a prefeita do condado de Miami-Dade, onde fica Surfside, assinou um termo dando seu aval à demolição, contudo sem sinalizar uma data para tal.

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Na sexta-feira, as operações chegaram a ser suspensas por conta do risco de desabamento de parte da estrutura que ainda segue de pé, mas a iminência da chegada da tempestade tropical Elsa, hoje no Caribe, antecipou os planos para derrubar o restante da torre Sul do condomínio Champlain Towers. O caminho da tormenta ainda é incerto, mas ele pode atingir em cheio a região na terça-feira — ela chegou a ser um furacão de categoria 1, mas foi rebaixada para a categoria de tempestade tropical neste sábado.

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Em entrevista coletiva, o prefeito de Surfside, Charles Burkett, declarou que a demolição pode começar a ser feita já neste domingo, e o governador da Flórida, Ron DeSantis, apontou que ela deve provocar apenas uma “pequena pausa” nos trabalhos a partir da noite deste sábado.

— Destruir este edifício é algo seguro, ainda mais diante de uma tempestade e de todas as formas teríamos que fazê-lo — declarou DeSantis, afirmando ainda que todo o processo pode levar cerca de 36 horas.

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O temor das autoridades é de que a tempestade fragilize ainda mais as estruturas do edifício, colocando em risco as equipes de resgate e mesmo estruturas próximas. Além das ameaças representadas pelo prédio em ruínas, o chefe do corpo de bombeiros de Miami-Dade, Alan Cominsky, confirmou pelo menos seis casos de infecção por Covid-19 entre os resgatistas. Eles foram afastados do serviço e novos testes estão sendo realizados.

— Infelizmente este é mais um desafio, mas é algo com o qual lidamos desde o ano passado — declarou Cominsky.

Neste sábado, nove dias depois do desabamento parcial da torre Sul do condomínio Champlain Towers, os bombeiros encontraram mais duas vítimas, elevando a 24 o total de mortes confirmadas — na sexta-feira, foi resgatado o corpo de uma menina de sete anos, a terceira criança localizada até o momento. Entre os 121 desaparecidos está o menino brasileiro Lorenzo, de 5 anos, e seu pai ítalo-americano, Alfred.

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Na quinta-feira, o presidente Joe Biden e a primeira-dama, Jill Biden, se reuniram com parentes das vítimas e dos desaparecidos. Ali, expressou a confiança de que ainda é possível encontrar alguém com vida.

— A esperança é eterna — disse ele em entrevista coletiva no Hotel St. Regis, depois de uma reunião particular com famílias. — Toda a nação está de luto com essas famílias.

Falhas na construção

Segundo o New York Times, engenheiros que analisam imagens dos destroços do edifício apontam que a estrutura pode ter usado menos ferro do que o previsto no projeto de 1979, algo que pode ter contribuído para o desastre. Algumas colunas analisadas e que apresentavam esta possível falha se encontram em uma área adjacente à piscina, local que testemunhas dizem ter visto desabar minutos antes dos treze pisos do prédio virem abaixo.

Muito embora apontem que as investigações ainda estão em uma fase inicial, e uma conclusão pode levar alguns meses, eles declaram que esta pode ser mais uma peça na sequência de falhas que levou à tragédia.

No começo da semana, a imprensa americana revelou uma carta enviada em abril pela administração do prédio aos condôminos, apontando a necessidade urgente de obras de reforço estrutural. Os problemas tinham sido verificados em uma inspeção realizada em 2018, e orçada em cerca de US$ 15 milhões. Ali, eram detalhados “graves danos estruturais” nas áreas adjacentes à piscina, além de “abundantes” rachaduras e deterioração das colunas, vigas e paredes na garagem da torre sul do condomínio Champlain Towers. Os pagamentos para a obra começariam a ser feitos nos próximos dias

Na carta, a síndica, Jean Wodnicki, disse que as falhas se agravaram ao longo dos anos, e não descartava que as obras revelassem novos problemas.

“Muitas dessas obras poderiam ter sido realizadas ou planejadas há alguns anos”, escreveu Wodnicki, que não quis conversar com a imprensa. “Mas aqui é onde estamos agora.”

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