RIO — Após as denúncias de assédio sexual, todas as 19 adolescentes do Centro de Socioeducação Professor Antônio Carlos Gomes da Costa foram transferidas neste sábado, dia 3, para o Centro de Socioeducação Ilha do Governador, que foi esvaziado para recebê-las. E o que era para ser um novo espaço de acolhimento no Degase, veio com novos traumas decorrentes de um tratamento brutalizado.
— As meninas estão reclamando muito da transferência. Elas já vinham desgastadas pelo ocorrido, por terem que prestar depoimentos, veio a mudança e não estão sendo acolhidas como necessário. Segundo relatos, os agentes falaram que daria a elas exatamente o mesmo tratamento que davam aos meninos que estavam na unidade anteriormente. Por exemplo, as internas foram obrigadas a andarem com as mãos para trás, algo que não ocorria antes. Nas refeições, pediram para "engolir a comida", para ir mais rápido. Elas também foram proibidades de levarem papeis e lápis para os alojamentos, para escreverem diários, como já faziam como forma de aliviar os sentimentos — diz Rodrigo Azambuja, defensor público e titular da Coordenação de Infância e Juventude da DPRJ.
A unidade em que as adolescentes estão recebia anteriormente meninos, que por decisão da juíza Lúcia Mothe Glioche foram transferidos temporariamente para o Centro de Socioeducação Gelso de Carvalho Amaral. A equipe de agentes também é formada majoritariamente por homens.
— Desde 2015 havia um pedido, em Ação Civil Pública, para que apenas agentes femininas trabalhassem em unidades socioeducativas destinadas a mulheres, para evitar as violências ocorridas (de abuso, por exemplo). Nesta nova unidade, além da diretora, vi mais duas agentes do sexo feminino. E é perceptível que o tratamento delas com as internas é diferente, mais humanizado. E é o que esperamos desses profissionais. Os agentes precisam disciplinar, claro, mas lembrando que são socioeducadores, estão lá para estimularem comportamentos positivos para contribuir com o desenvolvimento dos internos para voltarem para a sociedade.
O defensor públicou procurou a diretora da unidade para falar sobre as reclamações das adolescentes.
— Ela se mostrou solícita e aberta a todas as mudanças, mas nos pediu um tempo para orientar melhor os agentes sobre a nova rotina porque não estavam preparados. O voto de confiança é dado, mas nós vamos continuar fiscalizando.
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