Marianna Holanda, Ana Luiza Albuquerque e Fábio Zanini
Brasília, DF e Rio de Janeiro, RJ
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), marcou presença logo na primeira fileira na convenção nacional do PL que oficializou a candidatura de Jair Bolsonaro (PL) à Presidência, neste domingo (24).
Com ares de convidado de honra, Lira usava camisa polo azul com o nome de Bolsonaro e o número de urna do PL, 22. Ele foi exaltado pelo chefe do Executivo por três vezes em seu discurso.
"Cabra da peste" e "irmão de longa data" foram alguns dos termos usados pelo presidente para qualificar o aliado, que completará nesta segunda (25) uma semana de silêncio às falas golpistas de Bolsonaro a embaixadores.
Parte da plateia de bolsonaristas foi acolheadora com o deputado do centrão. Ele foi aplaudido por apoiadores, que encheram o ginásio do Maracanãzinho (RJ) com as coras verde e amarelo.
"Eu sei que a figura mais importante hoje aqui sou eu. Mas se não é o Arthur Lira, esse cabra da peste de Alagoas, não teríamos chegado a esse ponto. Obrigado, Lira", disse Bolsonaro.
Ainda que tenham ido a eventos juntos em Brasília e no estado do parlamentar, esta foi a participação mais relevante de Lira ao lado de Bolsonaro em tom de campanha.
O presidente da Câmara é do PP de Ciro Nogueira, chefe da Casa Civil de Bolsonaro. A aliança com eles consolidou aproximação com o centrão, que garantiu estabilidade para o governo, no momento em que patinava no Congresso e era alvo de dezenas de pedidos de impeachment, todos eles travados por Lira.
No primeiro ano da gestão de Bolsonaro, quando ainda era apenas líder do PP, ele se posicionava de forma crítica ao governo. Aos poucos, foi se aproximando, em especial com a consolidação das RP9, chamadas de emendas de relator.
Em 2021, Lira chegou à presidência da Câmara como o candidato de Bolsonaro, derrotando o escolhido para sucessão de Rodrigo Maia, Baleia Rossi (MDB-SP).
"Está aqui o presidente Arthur Lira, um enorme aliado nosso, tem colaborado muito com o governo. Graças a ele conseguimos aprovar leis que vieram a baixar o preço dos combustíveis", disse também o mandatário neste domingo.
Bolsonaro ainda chamou Lira de "dono da pauta" da Câmara dos Deputados. É atribuição do presidente da Casa decidir quais projetos serão votados e em qual ordem.
Lira vocalizou as mais duras críticas de governistas à Petrobras, quando a companhia aumentava preços dos combustíveis, sob a direção de José Mauro Coelho e do general Silva e Luna.
Bolsonaro indicou Caio Paes de Andrade para o comando da estatal, quarto nome para Petrobras, desde o início do governo.
As mudanças ocorreram na medida em que o governo aprovou pacote de medidas sociais no Congresso para reduzir o preço dos combustíveis e aumentar o valor de benefícios. Lira foi o principal fiador dessas propostas.
A Câmara aprovou, no último dia 13, a chamada PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos bilhões, medida que atropela as leis que versam sobre eleições e contas públicas para permitir ao governo turbinar benefícios sociais em meio à corrida pelo Palácio do Planalto.
Entre eles está ampliação do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 até o fim do ano, duplicação do Auxílio Gás para cerca de R$ 120 e a criação de um vale de R$ 1.000 para caminhoneiros.
Além disso, o texto prevê um auxílio para taxistas, repasse de recursos para evitar aumento de preços no transporte público, subsídios para o etanol e reforço de verba no programa de aquisição e doação de alimentos. O custo total é estimado em R$ 41,25 bilhões.
O projeto político de Arthur Lira está vinculado à reeleição de Bolsonaro. O deputado quer se reeleger para a presidência da Casa, no próximo ano, o que é dado como certo, caso não haja troca no comando do Planalto.
Ainda que tenha apoio de boa parte dos deputados, Lira deverá encontrar dificuldades caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja eleito em outubro.
Segundo a última pesquisa do Datafolha, Bolsonaro está em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás 19 pontos do petista. Lula marca 47% contra 28% de atual presidente.
A convenção do PL que oficializou Bolsonaro como candidato contou com discursos do presidente e da primeira-dama, além de uma oração do deputado e pastor Marco Feliciano (PL-SP). O estádio cantou o jingle "Capitão do Povo" e o hino nacional, várias vezes.
Em seu discurso, o presidente chamou seus apoiadores a irem às ruas "uma última vez" no 7 de Setembro e, em seguida, dirigiu seus ataques a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
"Convoco todos vocês agora para que todo mundo, no 7 de Setembro, vá às ruas pela última vez. Vamos às ruas pela última vez", disse, aos gritos de "mito".
Com citações a Deus e críticas ao comunismo, Bolsonaro também destacou feitos do seu governo, em especial para mulheres e jovens, na fala de um pouco mais de uma hora.
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