RIO — A prefeitura do Rio ainda estuda opções para comemorar o réveillon de 2020 para 2021. A tendência é que, após definir prováveis maneiras para comemorar a data, uma consulta popular seja feita pelo governo municipal.
— Não sei se a população do Rio se sente bem, na alma e no espírito, em fazer uma festa depois de perdermos tantas almas. Vamos estar todos lá ou vamos fazer só os fogos? É muito recente nossa tristeza. Vou consultar a população. Mas nesse momento ainda estamos meio tontos — contou o prefeito Marcelo Crivella nesta segunda-feira, dia 27.
Alternativas para a virada:'Novo' réveillon é estudado pela Prefeitura do Rio: sem aglomerações, voltado para a reflexão e inspirado na França
A prefeitura ainda estuda com a Riotur e as escolas de samba se é possível a realização dos desfiles em 2021. A Liesa decidiu aguardar até meados de setembro para tomar uma decisão.
— Precisamos superar. Choramos nossos mortos, erguemos a cabeça e seguimos em frente. São muito recentes nossas perdas. Não temos nada definido. Se nos próximos meses conseguirmos ter menos mortes, a gente vai ver que perdemos muitos, mas aprendemos uma melhor maneira de viver — comentou o prefeito sobre as medidas de isolamento e higiene.
Inspiração na França
Mais cedo, o presidente em exercício da Riotur, Fabrício Villa Flor de Carvalho, informou que a Prefeitura do Rio e a Riotur iriam se reunir nesta semana para estudar os novos formatos para a festa de réveillon. A proposta é adaptar a virada do ano à realidade imposta pela pandemia de Covid-19, sem aglomerações na cidade. O projeto visa evitar a euforia e dar um tom de homenagens e reflexão à festa, com projeções e luzes. Outra possibilidade é homenagear profissionais da saúde. Segundo Fabrício Villa Flor de Carvalho, uma das inspirações para o novo modelo vem de um evento na França.
Pandemia de Covid-19:Secretário de Saúde diz que hospitais de campanha serão desmontados no Rio e cita leitos em excesso
— No mundo inteiro, todos os setores estão se ajustando à "vida como ela é". E o réveillon vem com criatividade para celebrar e preservar vidas. Ao redor do mundo, temos visto eventos tradicionais se remodelando. A França acabou de ser um exemplo na celebração na Queda da Bastilha, com fogos na Torre Eiffel, a tradicional exibição da Força Aérea Francesa e uma homenagem aos profissionais da saúde. Esse exemplo mostra que é possível respeitar e viver datas relevantes do calendário sem gerar aglomeração e violar as recomendações.
Lá, a presença do público foi proibida. O evento do último dia 14 foi reduzido e não houve o tradicional desfile militar na Avenida Champs Élysées, em Paris — primeira vez que isso ocorre em 40 anos. Apenas profissionais de saúde da linha de frente e parentes de vítimas da Covid-19 foram convidados para o evento, mantendo distanciamento.
Aqui, a Riotur estuda pulverizar as celebrações pela cidade: Corcovado, Pão de Açúcar, Piscinão de Ramos e Parque de Madureira poderiam receber o evento, assim como Copcabana, que teria uma queima de fogos mais modesta e sem um tratamento diferenciado. Ainda no novo modelo, os shows pirotécnicos e musicais perdem o protagonismo, deixando a responsabilidade para os efeitos de luzes e projeções. Os fogos serão contextualizados e mais singelos, fazendo parte da mensagem de reflexão e respeito às milhares de mortes.
0 Commentaires