Governo Trump proíbe entrada de novos estudantes estrangeiros que só terão aulas on-line

WASHINGTON - Novos estudantes estrangeiros de graduação e pós-graduação que só terão aulas pela internet não serão autorizados a entrar nos Estados Unidos, segundo uma ordem do governo de Donald Trump emitida na noite desta sexta-feira. A medida acontece após o governo ter desistido de impor uma regra similar há duas semanas após uma onda de indignação e um processo movido pelas principais universidades do país. A diferença é que a portaria revogada abarcava todos os alunos estrangeiros, incluindo os que já estavam fazendo cursos nos Estados Unidos.

O governo Donald Trump, que mantém uma linha dura contra a imigração irregular e que suspendeu a entrega de vários vistos no contexto da pandemia, anunciou no início de julho que não iria receber ou permitir que estudantes permanecessem no país caso os programas oferecessem aulas exclusivamente virtuais devido à pandemia de coronavírus.

Depois que universidades de prestígio como Harvard e MIT protestaram contra a decisão e entraram com uma ação, o governo recuou em 14 de julho. Autoridades já tinham dito na ocasião que esperavam que o governo tentasse outra ofensiva. É provável que a nova determinação desperte novas reclamações.

A nova ordem abrange estudantes estrangeiros que se matricularam após 9 de março ou ainda pretendem se matricular. Os estudantes estrangeiros que se matricularam nas aulas da período letivo anterior, encerrado em junho, e que já tinham visto de estudante podem permanecer no país ou voltar após as férias de verão, mesmo que a universidade ofereça apenas aulas digitais.

Tradicionalmente, os estudantes internacionais só podem fazer no máximo um curso on-line por semestre. O Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE) permitiu que estudantes estrangeiros permanecessem nos EUA após a mudança para aulas on-line em março, mas iniciou uma disputa com as universidades sobre o período letivo, que começa entre o final de agosto e setembro. O governo procura também pressionar para a retomada de atividades econômicas regulares.

É provável que a nova medida desperte novas reclamações de universidades. Os Estados Unidos têm perto de um milhão de estudantes estrangeiros (5,5% do total). Muitas universidades contam com estudantes internacionais como forma de ter um ambiente educativo multicultural e também como fonte de receitas, pois muitos alunos estrangeiros pagam mensalidades integrais.

Segundo o comunicado da Agência de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês), os novos estudantes estrangeiros poderiam se matricular em universidades que ofereçam uma mistura de aulas presenciais e on-line.

As universidades resistem a oferecer aulas presenciais por entenderem que salas de aula lotadas, dormitórios e refeitórios tornam os campi universitários especialmente propícios à disseminação do novo coronavírus. Algumas delas, como Harvard, já haviam dito aos calouros que eles teriam dificuldades para ingressar nos EUA neste semestre, os incentivando a começar as aulas on-line ou a adiar o início de seus estudos.

Segundo dados do Departamento de Comércio do governo americano, estudantes internacionais contribuíram com quase US $ 45 bilhões para a economia dos EUA em 2018, de acordo com dados do Departamento de Comércio.

Enregistrer un commentaire

0 Commentaires