Brasil 'não vê problema' em hipótese de vitória de Biden, diz Ernesto Araújo

Na semana em que foi oficializada a candidatura à reeleição do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, assegurou que “não existe alinhamento automático” com o país, e que o governo de Jair Bolsonaro “não vê problema na hipótese de uma vitória de (Joe) Biden” nas eleições de novembro.

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Em palestra realizada pelo grupo Personalidades em Foco, transmitida nesta terça-feira pela rede social Youtube e através de um grupo de Zoom, o chanceler mostrou-se tranquilo quando foi perguntado se uma eventual vitória de Biden atrapalharia seu trabalho. Segundo as últimas pesquisas, a vantagem do candidato do Partido Democrata sobre Trump é, em média, de 7,6%

— Vai continuar uma relação de confiança, isso não vai se perder — frisou Araújo, para uma plateia de militares da ativa e reformados e parlamentares, entre outros.

O ministro reconheceu que entre Trump e Bolsonaro existe uma excelente relação que ajudou a construir esse vínculo de confiança, dadas “visões de mundo similares”. Mas afirmou que houve uma “mudança de mentalidade” em relação aos EUA e que ela não se deve apenas a essa sintonia com Trump.

— A mudança foi enorme. Claro que ter visões de mundo comuns facilita — disse Araújo, que na conversa também defendeu uma boa relação com China e Rússia, segundo o ministro, integrantes de um triângulo geopolítico crucial com os EUA.

— Queremos estar próximos de todos esses parceiros — enfatizou.

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Perguntado especificamente sobre a China, o ministro afirmou que “é um parceiro fundamental, estamos buscando que o relacionamento seja mais pragmático”. Araújo negou qualquer tipo de estremecimento no vínculo com o governo chinês e destacou o aumento do comércio bilateral.

As alfinetadas mais diretas foram para os países europeus, sobretudo no que diz respeito às negociações do acordo entre Mercosul e União Europeia (UE). Segundo Araújo, os “europeus precisam discutir a realidade” e, em muitos casos, “estão discutindo sem conhecer o conteúdo” do entendimento. O chanceler admitiu que existem resistências, mas disse que continua otimista.

Um dos pontos mais colocados pela plateia virtual foi a crítica à falta de liderança regional e global do Brasil atualmente.

Para Araújo, a percepção é equivocada e surge da comparação com outras épocas, na quais, disse o ministro, “o Brasil foi líder porque fazia o que os outros lhe diziam que fizesse”. No que se refere a questões ambientais, essencialmente envolvendo a Amazônia, Araújo afirmou que no passado ser líder “era fazer tudo o que os europeus queriam”.

— Hoje pedimos algo que não está na manual e tentam nos envergonhar — declarou o chanceler, em referência à solicitação brasileira de que a preservação do meio ambiente tenha como contrapartida a garantia de investimentos.

— O esforço (de preservar o meio ambiente) deve gerar dinheiro, investimentos, transferências de recursos internacionais — explicou o ministro.

Araújo também questionou a Organização Mundial da Saúde (OMS) e pregou uma reforma que a torne mais “responsável e transparente”.

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