Dois secretários de Guedes pedem demissão: Salim Mattar e Paulo Uebel

BRASÍLIA — A equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, sofreu duas novas baixas. Os secretários especiais de Desestatização, Salim Mattar, e o de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, Paulo Uebel, pediram demissão nesta terça-feira.

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As demissões foram confirmadas pelo próprio Guedes, em entrevista à imprensa na porta do ministério. Guedes disse que houve hoje uma debandada do seu ministério:

— O Salim hoje me disse o seguinte: “a privatização não está andando, eu prefiro sair”. E o Uebel me disse o seguinte: “a reforma administrativa não está sendo enviada, eu prefiro sair”. Esse é o fato, não escondo. Houve uma debandada? Hoje houve uma debandada.

Guedes disse que Salim Mattar saiu porque as privatizações não avançaram. Ele era o responsável por essa área no governo e, até agora, praticamente nada foi privatizado.

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— O Salim Mattar pediu demissão hoje, e isso na verdade é um sinal de insatisfação dele com o ritmo de privatização — disse Guedes, ao lado do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), numa entrevista que era inicialmente sobre o teto de gastos.

— O que ele (Salim) me disse é que é muito difícil privatizar, que o establishment não deixa haver privatização, que é tudo muito difícil, muito emperrado — acrescentou.

Guedes afirmou que disse ao secretário ser preciso lutar pelas privatizações:

— O que eu sempre disse é o seguinte: para fazer a reforma da Previdência, cada um de nós teve que lutar, para fazer cessão onerosa, cada um de nós teve que lutar. Para privatizar, cada um de nós tem que lutar. Não adianta ficar esperando ajuda do papai do céu, tem que lutar.

Guedes disse que pretende privatizar quatro empresas: Eletrobras, PPSA (responsável pelos contratos do pré-sal), Correios e Porto de Santos. Mas ele deixou claro que essa é intenção, sem dar prazo. Essas empresas são as que ele falou por diversas vezes que iria anunciar a privatização em 60 dias. Nesse prazo, porém, nada saiu.

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— Nós gostaríamos de Eletrobras, PPSA, Correios e Docas de Santos. São quatro grandes empresas.

Já Uebel deixou o governo pela demora no envio na reforma administrativa, que, como revelou o GLOBO, ficará para 2021. Ele era o secretário que montou essa reforma, prometida desde o ano passado e que não avançou por decisão do presidente Jair Bolsonaro.

— O secretário Uebel é a mesma coisa. A reforma administrativa está parada. Então ele reclama que a reforma administrativa parou — disse.

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Com as saídas, já somam cinco baixas recentes na equipe econômica. Nas últimas semanas, Mansueto Almeida já havia deixado o Tesouro Nacional, Caio Megale deixou a diretoria de programas da Secretaria Especial da Fazenda e Rubem Novaes anunciou que deixará a presidência do Banco do Brasil.

Guedes falou depois de uma reunião com Maia para alinhar o discurso em favor do teto de gastos e passar uma sinalização positiva ao mercado. Mas o anúncio da demissão acabou ocorrendo durante a entrevista.

'Timing' político

Guedes adimitiu que o ritmo das privatizações está lento, assim como a reforma administrativa está travada.

— Eu, se pudesse, privatizava todas as estatais. Mas para privatizar todas, tem que privatizar primeiro duas ou três. E nós não conseguimos privatizar duas ou três. Isso é preocupante. O trabalho não está andando nessa dimensão. É natural que o governo esteja preocupado — disse.

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Ele afirmou o que vem repetindo sempre que é perguntado sobre o ritmo das reformas e a demora para o envio ao Congresso da reforma administratriva, atribuindo essa decisão aos políticos.

— Quem dá o timing das reformas é a política, quem tem voto é a política. Quem manda não é o ministro, não são os secretários — disse Guedes.

Apesar de os secretários saírem porque o ritmo das reformas estava lento, Guedes disse que a resposta à debandada será acelerar as reformas.

— A nossa reação à debandada que aconteceu hoje é acelerar as reformas. Mostrar que vamos privatizar, vamos insistir nesse caminho. Pelo menos nós vamos lutar — afirmou.

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