BRASÍLIA — O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta terça-feira que os auxiliares que aconselham o presidente Jair Bolsonaro a burlar a regra do teto de gastos estão levando o presidente para uma zona de impeachment.
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Sem citar nomes, Guedes defendeu a regra que limita o crescimento das despesas da União à inflação, e afirmou que o Ministério da Economia não apoia “ministros fura-teto”.
— Os conselheiros do presidente que estão aconselhando a pular a cerca e furar teto vão levar o presidente para uma zona sombria, uma zona de impeachment, de irresponsabilidade fiscal. O presidente sabe disso, o presidente tem nos apoiado — afirmou.
A fala foi feita ao lado do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Os dois se reuniram para defender o teto de gastos e passar uma sinalização de segurança ao mercado.
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Durante a entrevista, Guedes anunciou a demissão de dois secretários: Salim Mattar (Desestatização) e Paulo Uebel (Desburocratização, Gestão e Governo Digital).
— Não haverá nenhum apoio do Ministério da Economia a ministros fura-teto. Se tiver ministro fura-teto, eu vou brigar com o ministro fura-teto — disse.
Guedes tem sido pressionado a aumentar os gastos com investimentos nos próximos anos pela ala política do governo, como forma de pavimentar o caminho para a campanha de reeleição de Bolsonaro em 2022. O ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) lidera essa pressão, ao lado de ministros militares e de Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura).
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O presidente da Câmara disse que não haverá "jeitinho" para furar o teto de gastos. O líder do PP, Arthur Lira (PP-AL), que atua como líder informal do governo também participou do encontro.
— Não tem jeitinho, não tem esperteza. O que tem é uma realidade, temos uma carga tributária de mais de 33% do PIB somado ao déficit primário. Precisamos entender que essa conta está dentro do governo e está dentro do Congresso — disse Maia.
Segundo Maia, é preciso dar a solução para cortar gastos dentro do Orçamento. Ele citou a desindexação e corte de subsídios.
— Eu sou a favor de investimento público dentro do teto de gastos. Todo mundo tem que construir a solução. Tem senadores falando da necessidade de investimento, tem deputados falando, e tem ministros da área de investimento do governo querendo recurso para investimento. Nós também queremos, mas baseado na redução das despesas — disse o presidente da Câmara.
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Maia disse ainda que não pautará a prorrogação do Estado de Calamidade Pública, que permite descumprir o teto de gastos e gastar mais.
— De forma nenhuma a Câmara vai pautar a prorrogação do estado de calamidade.
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