Biden tenta trazer foco da corrida presidencial de volta para a pandemia do novo coronavírus

WILMINGTON, EUA — Em um evento sobre a reabertura segura das escolas nos Estados Unidos, o candidato democrata Joe Biden procurou mudar o foco da corrida presidencial americana de volta para o novo coronavírus e para a forma com que o presidente, Donald Trump, lidou com a pandemia no país.

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A crise de saúde, que já matou mais de 185 mil pessoas e infectou outras 6,1 milhões nos EUA, foi ofuscada nos últimos dias pelos protestos que acontecem no território americano, que se reacenderam após mais um caso de violência policial contra um homem negro — Jacob Blake foi baleado à queima roupa nas costas por agentes brancos, na cidade de Kenosha, em Wisconsin.

Biden e sua equipe se esforçam para que a eleição presidencial, no dia 3 de novembro, se torne um referendo sobre a resposta que o governo Trump teve para conter a pandemia. O evento desta quarta-feira aconteceu em um momento em que milhões de estudantes começam um novo ano letivo, que deverá ser virtual ou com medidas de restrições devido ao crescente número de casos da Covid-19 no país.

— Se o presidente Trump e seu governo tivessem feito seu trabalho no início desta crise, as escolas americanas seriam abertas. E seriam abertas com segurança — disse Biden após receber um briefing de especialistas em saúde em Wilmington, Delaware, que se tornou a sed e da campanha do democrata.

Apesar dos EUA ainda registrar números altos da pandemia, a reabertura das escolas tem sido uma das principais prioridade para Trump, que argumentou que só com os filhos de volta às os pais poderiam trabalhar e, assim, a economia voltaria a crescer. Nesta quarta, a campanha do presidente criticou o adversário por ser excessivamente cauteloso neste assunto.

— [Biden] sempre define as coisas como uma situação "ou-ou": ou podemos nos abrir, ou podemos estar seguros — disse o porta-voz de Trump, Tim Murtaugh — O presidente discorda disso. Pode ser as duas coisas. Para a economia e as escolas, podemos ser abri-los e ficarmos seguros.

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No evento do democrata nesta quarta, Biden pediu que Trump reúna os líderes do Congresso para negociar um novo pacote de ajuda para os governos estaduais e municipais, que têm lutado para fornecer serviços para estudantes em meio a uma crise econômica devido às restrições causadas pelo coronavírus. O Parlamento americano, porém, já está em um impasse devido a outra acordo de financiamento relacionado a vírus.

— Saia do Twitter e comece a falar com líderes congressistas de ambos os partidos — disse Biden.

No início do dia, a equipe de Biden anunciou que sua campanha e o Partido Democrata arrecadaram US$ 364,5 milhões (R$ 1,8 bi) em agosto, quebrando o recorde de mais dinheiro arrecadado em um único mês durante uma corrida presidencial. A equipe de Trump ainda não divulgou seus números para este mês.

Ataques

Biden e Trump, candidato republicano à reeleição, tem competido para mostrar quais dos dois políticos tem capacidade de manter o país seguro. Cada um acusou o outro de fomentar a violência nos protestos contra o racismo e a violência policial que acontecem nos EUA desde o assassinato de George Floyd, um negro que foi morto ao ser asfixiado por um policial branco, no dia 25 de maio.

Trump, que visitou Kenosha na terça-feira, buscou aproveitar o clima volátil em torno dos protestos para seu benefício político, apresentando-se como um presidente de "lei e ordem" que mantém uma linha dura contra o caos. Wisconsin é considerado um estado chave para ganhar a eleição.

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Uma nova pesquisa da Reuters/Ipsos mostra, porém, que a abordagem do presidente ainda impulsionou seu apoio nacionalmente. O levantamento, divulgado nesta quarta-feira, mostrou que a maioria dos americanos não vê o crime como um grande problema enfrentado pelo país e a maioria continua simpática aos protestos contra o racismo.

Já 78% dos entrevistados disseram que continuam "muito" ou "mais ou menos" preocupados com a pandemia. A pesquisa mostrou que 47% dos eleitores registrados apoiam Biden, em comparação com 40% que disseram que votarão em Trump.

O candidato democrata planeja viajar para Kenosha nesta quinta-feira, onde fará uma reunião com as pessoas do local, segundo sua equipe eleitoral.

Em uma visita à Carolina do Norte — estado que, assim como Wisconsin, é considerado chave para a eleição —, Trump disse a apoiadores que o país está "dando a volta por cima" em relação à pandemia e se ateve ao tema da "lei e da ordem".

— Eles são baderneiros — disse Trump sobre os manifestantes. —Eles são perdedores e desordeiros. E então você ouve os democratas, eles nunca dizem nada de ruim sobre eles.

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No início da semana, Biden defendeu que desordeiros e saqueadores sejam processados.

Embora a visita fosse parte da agenda oficial da Casa Branca, o presidente aproveitou a ocasião para atacar Biden. Trump também falou com um grupo de veteranos que comemoravam os 75 anos do fim da Segunda Guerra Mundial:

— Os guerreiros americanos não derrotaram o fascismo e a opressão no exterior, só para ver nossas liberdades serem pisoteadas por multidões violentas aqui em sua própria casa.

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