Morre aos 70 anos o astrônomo brasileiro João Steiner

SÃO PAULO - Morreu na manhã desta quinta-feira (10) o cientista João Steiner, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP (Unverisdade de São Paulo), vítima de infarto do miocárdio aos 70 anos.

Astrofísico com carreira de destaque, Steiner foi também um gestor de ciência influente na comunidade acadêmica brasileira e liderou muitos projetos em sua área.

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Na última década, conseguiu articular, por meio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), a entrada de cientistas brasileiros no consórcio que constrói o GMT (Giant Magellan Telescope), que será o maior telescópio do mundo quando estiver concluído no Chile. Steiner também negociou parcerias que levaram astrônomos brasileiros aos telescópios Soar e Gemini, também em observatórios de ponta.

Mesmo dedicando mais tempo à gestão e à divulgação científica nos últimos anos, o astrônomo, nascido em Santa Catarina, nunca deixou de produzir ciência.

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Seus estudos mais citados foram publicados na década de 1980 e tratavam da luminosidade dos chamados núcleos ativos de galáxias, regiões astronômicas onde existe uma quantidade considerável de luz que não é emitida por estrelas.

Essas estruturas cósmicas possuem em seus centros buracos negros gigantes, cuja gravidade extrema concentra matéria em atrito gerando luminosidade.

Num de seus estudos mais recentes, publicado em junho, Steiner propôs com colegas um mecanismo físico para explicar a ejeção de matéria presente na vizinhança de buracos negros.

Agitador científico

Fora da comunidade astronômica, Steiner costuma ser lembrado por posições importantes que ocupou.

Foi secretário de Coordenação das Unidades de Pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), dirigiu o Instituto de Estudos Avançados (IEA/USP) e foi secretário-geral da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).

Steiner era membro da Academia Brasileira de Ciências e foi condecorado em 2001 com a Ordem do Rio Branco, pelo Ministério das Relações Exteriores e com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico, do MCTI.

O IAG-USP publicou em seu site nesta tarde uma nota sobre o falecimento de Steiner, com depoimentos de amigos e colegas.

"Steiner foi sempre uma voz importante na elaboração de planos estratégicos e com visão de futuro. Perdemos um grande defensor e divulgador da ciência e tecnologia", escreveu Pedro Leite da Silva dias, diretor do instituto, no comunicado.

"Ele deixa um legado invejável para nossa Astronomia, incluindo os telescópios SOAR e Gemini e, mais recentemente, a participação de São Paulo no GMT. Ele também deixa uma legião de jovens cientistas que ele orientou e supervisionou", escreveu Laerte Sodré Jr., colega e amigo.

Morto durante viagem a seu estado natal, o cientista está sendo velado até a manhã de sexta-feira (11) na cidade de Capivari de Baixo (SC).

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