BRASÍLIA - Os elogios do presidente Jair Bolsonaro ao ministro do Desenvolvimento Regional (MDR),Rogério Marinho foram uma resposta, um gesto solidário, segundo definiu um integrante do governo, ao ataque velado do ministro da Economia, Paulo Guedes. Mais cedo, durante audiência pública no Congresso, Guedes, sem citar o nome do colega, voltou a provocar Marinho, usando o termos ministros gastador e fura teto.
Os dois vem se colocando em campos opostos no governo, enquanto Marinho defende a continuidade de obras, Guedes defende o teto do gasto público, que limita o crescimento das despesas. Marinho participou, ontem, de cerimônia de entregas de obra do governo federal no estado do Maranhão. Ele e o presidente viajaram juntos.
— Ninguém viu um ministro do Desenvolvimento Regional [melhor] do que Rogério Marinho, um homem que vive pelo Brasil todo, mais especial no Nordeste — disse Bolsonaro, acrescentando:
— Onde mais necessite de obras, ele está presente. Ao Rogério Marinho, a minha solidariedade e o meu muito obrigado pela confiança e pelo empenho que tem desenvolvido em todo o Brasil.
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A fala do presidente foi publicada em vídeo por Marinho nas redes sociais, que aproveitou para agradecer: "Isso nos dá força para continuarmos firmes na missão que o senhor nos atribuiu. Estamos abraçando o Nordeste e o Brasil. Vamos garantir que o crescimento chegue para todos".
Bolsonaro também elogiou o ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas. Segundo o presidente dos dois são os melhores ministros da história.
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O ataque de Guedes ao colega ocorreu logo depois de o presidente ter pedido aos ministros que evitem trocar farpas em público e resolvam as diferenças internamente. A provocação foi feita no contexto de críticas à Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que foi classificada por Guedes de “cartório” e “casa de lobby”.
— A Febraban é uma casa de lobby. É muito honrado, muito justo o lobby, mas precisa estar escrito na testa “lobby bancário", que é para todo mundo entender do que se trata, inclusive financiando estudos que não têm nada a ver com a atividade de defesa das transações bancárias. É importante também falar isso, financiando ministro gastador para ver se fura teto, para ver se derruba o outro lado.
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Procurada, a Febraban informou: "A Febraban sempre se posicionou pela necessidade de sustentabilidade fiscal como pressuposto da retomada econômica e pela defesa clara em favor da manutenção do teto de gastos".
O ataque do ministro à Febraban foi o segundo em uma semana e causou enorme mal-estar. Segundo interlocutores, a relação de Guedes com os bancos azedou depois que as instituições financeiras assumiram uma posição clara contra a recriação de um imposto sobre pagamentos, nos moldes da antiga CPMF. No entanto, a declaração do ministro foi considerada desnecessária.
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O MDR divulgou uma nota para esclarecer que a Febraban não financia diretamente a pasta. Segundo o MDR, foi feita uma parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), sem gasto de recursos públicos, que recebeu doação de várias entidades, para financiar um projeto de consultoria sobre carteira de obras e apontar gargalos e necessidade de mudanças de marcos regulatórios. Entre os doadores está a Febraban.
"Um dos principais objetivos do estudo é analisar o portfólio de intervenções já existentes e propor ações de curto, médio e longo prazos, com indicação de novos modelos de negócios que abram espaço para ampliar os investimentos privados, com foco na geração de empregos e redução das desigualdades regionais (..) O Projeto foi concebido na modalidade Execução Direta – sem investimentos públicos – e foi possível graças ao apoio de empresas e entidades representativas do setor produtivo e que são favoráveis a retomada econômica".
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