RIO — Quase um ano após o incêndio no Hospital Badim, na Tijuca, na Zona Norte do Rio, a Polícia Civil indiciou oito pessoas pelos crimes de homicídio doloso qualificado, homicídio e incêndio. Segundo o RJTV2, a investigação apontou obras irregulares, sistema de prevenção contra o fogo com defeito e um plano de evacuação que não funcionou.
A perícia realizada mostra que o gerador, onde começou o incêndio, deveria estar dentro de um compartimento que resistisse ao fogo. Entretanto, ele foi instalado em um local sem essa proteção. Também no subsolo, foram realizadas obras irregulares que prejudicaram os prismas de ventilação — uma espécie de chaminé — permitindo que os gases tóxicos e poluentes seguissem até uma área aberta.
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O novo Centro de Tratamento Intensivo do Badim ainda foi adaptado de forma errônea em relação às normas técnicas de engenharia e arquitetura, segundo a polícia. Uma estrutra de drywall foi erguida até um forro e não de laje a laje, o que teria permitido a ascensão da fumaça tóxica durante o incêndio. Além disso, o material usado nessa estrutura não era resistente ao fogo.
Para a Polícia Civil, o incêndio, no dia 12 de setembro de 2019, causou a morte de 17 pessoas. O hospital fala em 13 mortes em decorrência do fogo e mais nove, internados no dia e que morreram por causas não-relacionadas ao evento. Nenhuma das vítimas, mostra o inquérito, morreu por queimaduras. A maioria morreu por inalação de fumaça e por complicações pelo desligamento de aparelhos devido à falta de energia no prédio.
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De acordo com a reportagem, foram indiciados Marcelo Vieira Dibo e Virginia de Figueiredo Marques, diretores do Hospital Badim; Norbert Bieberle, responsável pela engenharia civil da unidade; Alberto Drumond Roca, engenheiro de segurança do trabalho; Lucia de Cassía dos Reis Batista, engenheira coordenadora do setor de manutenção do hospital; Marcia Regina Pereira da Rocha, chefe do setor de arquitetura do Badim; e Jorge Luiz Buneder e João Luiz Buneder, diretores da empresa Stemac, responsável pela construção e manutenção do gerador. Cada indiciado vai responder 15 vezes por homicídio doloso qualificado, mais duas vezes por homicídio, além do crime de incêndio.
A construção não tinha sido regularizada no Corpo de Bombeiros. O hospital, segundo a polícia, deveria ter adequado todos os projetos para obter as licenças de funcionamento necessárias à sua operação. Os investigadores da Polícia Civil concluíram ainda que os alarmes do prédio não soaram e os sprinklers, chuveiros automáticos instalados no teto, não soltaram água. O plano de evacuação do Hospital Badim não funcionou, provocando a demora da retirada dos pacientes e o alastramento da fumaça pelas passagens dos dutos.
Ao RJTV, o Hospital Badim informou que lamenta as perdas no incêndio e que vem se empenhando pra minimizar o impacto causado às famílias, já tendo firmado 13 acordos.
O hospital disse também que confia em uma melhor análise do Ministério Público e prestará todos os esclarecimentos após ter acesso ao inquérito. A empresa Stemac informou que não vai comentar o caso porque também não teve acesso ao inquérito.
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