Acredite, não é ficção científica! Novas tecnologias transformarão os seres humanos em híbridos humano-máquina, onde a fronteira da jornada e experiência do cliente será alterada drasticamente e a relação entre empresas e consumidores reescrita radicalmente.
Diversos avanços científicos na área da saúde relacionadas a Tecnologias Assistivas direcionados para pessoas com deficiência – PCD (convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU de 2006 e Lei Brasileira de Inclusão de 2015) certamente serão estendidos para pessoas sem deficiência, o que potencializará funções motoras e cognitivas dos seres humanos.
Segundo o Comitê de Ajudas Técnicas (CAT), instituído pela Portaria n° 142, de 16/11/2006, Tecnologia Assistiva “[…] é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social”.
Resumidamente, trata-se de bens e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades humanas, nesse caso específico, e originalmente, para pessoas com deficiência (PCD).
Entretanto, essas tecnologias poderão facilmente ser adaptadas, moldadas, modificadas, instrumentalizadas e direcionas para qualquer ser humano, com o objetivo de potencializar funções cognitivas e (ou) motoras, como exemplo fisiologia, psicomotricidade, ludicidade, neuroplasticidade, neuroengenheira, biorobótica e biomecatrônica.
Logo, com a potencialização cognitiva-motora das pessoas, a relação delas como clientes e consumidores de organizações e empresas trará uma nova realidade para os negócios, uma nova perspectiva de jornada, interação e experiência.
O híbrido humano-máquina: Ciborgue (Cyborg)
De acordo com artigo na Wikipédia, “[…] ciborgue é um organismo dotado de partes orgânicas e cibernéticas, geralmente com a finalidade de melhorar suas capacidades utilizando tecnologia artificial. É o hibridismo entre o ser humano e a máquina, a incorporação das tecnologias em seus modos de existência”.
O termo foi criado por Manfred E. Clynes e Nathan S. Kline em 1960 para se referir a um ser humano melhorado que poderia sobreviver no espaço sideral [1], na época em que a exploração espacial ganhava força, forma e competição entre as nações.
Atualmente, os humanos ciborgues são considerados aqueles que se aproveitaram dos avanços da robótica para melhorar certas condições limitadoras, como a perda de um braço, uma perna, ou outro órgão do corpo [2].
As obras de ficção científica literária e cinematográfica transportam esse conceito para as páginas dos livros e telas de TV/cinema de forma magistral o estereótipo desse híbrido humano-máquina, como podemos lembrar de personagens em Star Treck, Star Wars, Exterminador do Futuro, Dragon Ball, Mortal Kombat, Metal Gear, Os Jovens Titãs, Frankenstein, RoboCop, entre outros.
Vejamos algumas tecnologias atuais e emergentes que poderiam extrapolar funções humanas normais ou inserir novas funções motoras-cognitivas:
– Uma equipe de pesquisadores da Universidade Monash, em Melbourne, Austrália, construiu um dispositivo biônico que eles dizem poder restaurar a visão aos cegos através de um implante cerebral;
– A Neuralink, empresa de Elon Musk, o CEO da SpaceX e da Tesla, pretende realizar em pouco tempo implante de dispositivo capaz de criar uma interface entre cérebros humanos e computadores, para auxiliar a reabilitação motora de pessoas, aplicação de próteses e alzheimer, por exemplo;
– A empresa brasileira Cycor, da fundadora Michele de Souza, que busca a integração entre seres vivos e máquinas, tornando possível a criação de equipamentos capazes de obedecer a comandos do cérebro para controle de máquinas e sistemas (reabilitação física, remodulação cerebral, reatomização celular, etc.);
– Uma equipe da Universidade RMIT, em Melbourne, Austrália, criaram uma pele artificial que é capaz de reagir à dor como a pele humana real, que pode permitir melhores alternativas aos enxertos de pele e até mesmo “aumentar ou compensar a pele humana para o desenvolvimento de humanoides realistas”;
– Um grupo de estudos da Escola de Ciências de Saúde e Reabilitação da Universidade de Pittsburgh, Estados Unidos, demonstraram que estimulação cerebral por meio de um tipo de fone de ouvido tem sido usado para tratar epilepsia no passado e agora é objeto de outros estudos que investigam se poderia ajudar a tratar a depressão ou mesmo doenças inflamatórias.
– Cientistas da Universidade Irvine da Califórnia mostraram em um estudo que é possível desenvolver células humanas com propriedades ópticas responsivas a estímulos inspiradas em leucophores e cephalopods, as mesmas utilizadas por polvos e lulas para se camuflarem ao ambiente, com aplicação em doenças de pele e regeneração celular
– Em San Francisco (USA), na Universidade da Califórnia, em pesquisa financiada pelo Facebook, implantaram eletrodos na superfície do cérebro de pacientes com problemas de fala e conseguiram taxa de precisão das respostas em torno de 61%. Veja mais no artigo “Neuromarketing e a tecnologia de ler pensamentos”.
Cyborg Client – Cyborg Consumer
Diante dos resultados dos estudos e das perspectivas de uso dessas descobertas nos mais diversos campos do conhecimento humano, para além da área médica, e excetuando a polêmica da área militar, a área de negócios certamente será impactada.
Vamos realizar alguns exercícios dessa interação e interface humano-máquina? A possibilidade de nos transformamos em Cyborg Client/Consumer, Clientes e Consumidores Ciborgues?
Que tal Implantes cerebrais que potencializam a visão e nos conectam a máquinas, equipamentos e computadores?
Quando indagado sobre a possibilidade de pessoas serem conectadas aos carros da Tesla como resultado das pesquisas da Neuralink, de implante de dispositivos cerebrais, Elon Musk foi curto e direto: “Claro!”. Nós serremos os automóveis; os automóveis serão nós.
Especula-se sobre a possibilidade de que essa tecnologia de conexão do cérebro com equipamentos tecnológicos seja capaz, e eventualmente permitir, que os usuários salvem e reproduzam nossas memórias.
No setor de games a experiência será surreal, quando acoplada à realidade virtual (RV) e realidade aumentada (RA). Será difícil distinguir o que é natural e analógico como conhecemos hoje, do que é virtual e digital. Ter, e ser um Avatar, será naturalmente normal.
Vale a pena reler o artigo “Internet das Coisas e Internet de Tudo em nossas vidas” e rever as possibilidades de interconexão humano-máquina na narrativa de cuidados com o peso e saúde corporal no futuro.
A jornada com produtos e serviços extrapolará as fronteiras que conhecemos hoje, com a possibilidade de experimentarmos cheiros, sabores e sensações físicas e psíquicas digitalmente, com praticamente a mesma sensação imersiva dos ambientes do século XX, e atuais do início do século XXI.
A experiência phygital será plena, habitual e corriqueira, com real interconexão, intercessão, interposição, anexação, conjugação, confluência, similitude, fusão, junção, associação, fundição e convergência. Colocando a inteligência artificial como tempero nesse universo, fica quase inimaginável esse cenário de experimentação.
Definitivamente, a jornada e experiência do cliente com produtos e serviços terá a possibilidade e a capacidade de ser singular, exclusiva, distinta, individualizada, ímpar, única e particular, materializando o sonho atual dos profissionais de vendas e marketing, de inovadores e empreendedores.
Hoje, dia das crianças, vale a pena soltar a imaginação e viajar para cenários futuros lúdicos, nos projetando como consumidores e clientes híbridos!
Você está convidado a ser um Cyborg Client – Cyborg Consumer!
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[1] HARAWAY, Donna J. Manifesto ciborgue: ciência, tecnologia e feminismo-socialista no final do século XX. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. [2] https://www.significados.com.br/cyborg.
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Prof. Manfrim, L. R.
Fanático em Gestão Estratégica (Mestrado). Obcecado em Gestão de Negócios (Especialização). Compulsivo em Administração (Bacharel). Consultor pertinente, Professor apaixonado, Inovador resiliente e Intraempreendedor maker.
Explorador de skills em Gestão de Pessoas, Gestão Educacional, Visão Sistêmica, Holística e Conectiva, Marketing, Inteligência Competitiva, Design de Negócios, Criatividade, Inovação, Empreendedorismo e Futurismo.
Coautor do Livro “Educação Empreendedora no Distrito Federal”. Colaborador no Livro “O futuro é das CHICS: como construir agora as Cidades Humanas, Inteligentes, Criativas e Sustentáveis”.
Navegador atual nos mares do Banco do Brasil, Jornal de Brasília e Instituto Brasileiro de Cidades Inteligentes, Humanas e Sustentáveis. Já cruzei os oceanos da Universidade Cruzeiro do Sul, Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), Cia Paulista de Força e Luz (CPFL), IMESB-SP, Nossa Caixa Nosso Banco, Microlins SP, Sebrae DF e Governo do Distrito Federal.
Contato para palestras, conferências, eventos, mentorias, hackathons e pitchs: professor.manfrim@gmail.com..
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