Lucro do Bradesco tem terceira queda consecutiva e vai a R$ 5 bilhões

O lucro do Bradesco atingiu R$ 5 bilhões no terceiro trimestre deste ano, recuo de 23,1% em relação a igual período de 2019. É a terceira queda consecutiva nos resultados do grande banco privado puxada pelo maior volume das reservas contra calotes.

Em relação ao segundo trimestre, o lucro cresceu 29,9%. De janeiro a setembro o Bradesco acumula ganhos de R$ 12,7 bilhões, queda de 34,2% ante igual período do ano passado.

O Bradesco é o segundo grande banco a divulgar os resultados para o período. O primeiro foi o Santander, que reportou lucro de R$ 3,9 bilhões.

O tombo no resultado foi novamente causado por um aumento nas reservas contra calotes. Essas provisões subiram 67,5% no terceiro trimestre em relação aos mesmos três meses de 2019, para R$ 5,6 bilhões. No acumulado do ano o banco já provisionou R$ 21,2 bilhões, mais do que o dobro do registrado de janeiro a setembro do ano passado.

O banco já havia feito aumentos significativos nas suas provisões. Só no primeiro semestre o Bradesco já havia mais do que dobrado as reservas contra possíveis inadimplências, para R$ 15,6 bilhões - contra R$ 7,1 bilhões nos primeiros seis meses de 2019.

Em relatório divulgado nesta quarta-feira (28), o Bradesco afirmou que seus estudos internos capturam informações históricas e refletem as expectativas de perdas e que, neste momento, indicam a necessidade de reforço das provisões, preparando a instituição financeira para um aumento de inadimplência em 2021.

"Ainda que a economia esteja impactada pelos efeitos da crise, continuamos evoluindo em nossas operações de crédito, cuja carteira expandida, em 12 meses, apresentou crescimento 12%, evolução que impactou as despesas com PDD [provisões para devedores duvidosos], em função das provisões mínimas requeridas pelo Banco Central", afirmou, em relatório.

A carteira de crédito expandida totalizou R$ 664,4 bilhões no terceiro trimestre, um aumento de 11,7% em relação a igual período de 2019. O impulso veio da maior concessão de crédito para pessoas jurídicas, que somaram R$ 421 bilhões -alta de 12,9%.

Além das operações de crédito, a carteira expandida também inclui avais, fianças, cartas de crédito, antecipação de recebíveis de cartão, debêntures, notas promissórias, entre outros.

Os recursos cedidos para grandes empresas -segmento que tem maior participação na carteira- totalizaram R$ 294,7 bilhões no período, alta de 11,5% na mesma comparação. Já os empréstimos para micro, pequenas e médias companhias ficaram em R$ 126,3 bilhões, avanço de 16,3%.

A carteira de crédito para pessoas físicas atingiu R$ 243,4 bilhões no período, aumento de 9,6% na mesma relação. Os principais destaques do segmento ficaram com produtos de menor risco, como o financiamento imobiliário, que subiu 21,8% para R$ 52,3 bilhões, e o crédito pessoal consignado, com alta de 10,2%, para R$ 66,4 bilhões.

A inadimplência acima de 90 dias total do banco ficou em 2,3%, recuo de 1,3 p.p. (ponto percentual) em relação ao terceiro trimestre de 2019.

Em nota, o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari afirmou que o resultado já começa a apresentar uma curva de melhora. "O que vemos pela frente é a recuperação dos indicadores [econômicos] de forma gradual", afirmou.

Para ele, o eventual fim do auxílio emergencial e das prorrogações dos empréstimos não terão grande impacto no balanço dos próximos trimestres, uma vez que os possíveis atrasos de pagamento por parte de clientes já estão provisionados.

"A visão do mercado em relação aos bancos é de rigor extremo, e não dá para condenar essa postura. Nossa estratégia tem como cenário base um juro historicamente baixo num ambiente de crescimento da competição, redefinição de aspectos regulatórios, um PIB que cresce de maneira escalonada e desemprego alto. É uma situação desafiadora, que vai nos exigir programas de redução de custos, mais eficiência e aumento da escala de atuação", disse Lazari.

O presidente do Bradesco ainda afirmou que a chegada do Pix, novo sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, é positiva, apesar de serem esperadas algumas perdas nas receitas com contas correntes.

"O Pix poderá ter efeito sobre algumas receitas, mas, por ser universal também será instrumento de retenção e ampliação da carteira de clientes. Poderá se converter em um aliado comercial ao longo do tempo", disse.

A margem financeira total do banco ficou em R$ 15,3 bilhões no terceiro trimestre, aumento de 3,5% em relação a iguais três meses de 2019. As receitas de prestação de serviços somaram R$ 8,1 bilhões, queda de 3,6% na mesma base de comparação.

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