Petrobras tem prejuízo de R$ 1,5 bilhão no terceiro trimestre

A Petrobras registrou prejuízo de R$ 1,546 bilhão no terceiro trimestre, contra lucro de R$ 9,087 bilhões no mesmo período do ano anterior. É o terceiro resultado negativo em 2020, quando a empresa acumula perdas de R$ 52,782 bilhões.

Segundo a estatal, porém, o desempenho do terceiro trimestre foi provocado por itens não recorrentes, como a adesão a programas de anistia tributária e o pagamento de prêmios para a recompra de títulos de dívida. Sem isso, o lucro seria de R$ 3,169 bilhões.

"Apesar das restrições impostas pela pandemia e pelo ambiente incerto, nosso desempenho operacional e financeiro melhorou significativamente conforme demonstrado pelo aumento da produção de petróleo e gás natural e do fator de utilização de nossas refinarias e pela forte geração de caixa", diz o presidente da estatal, Roberto Castello Branco.

A companhia diz que o terceiro trimestre foi marcado pela recuperação da demanda de combustíveis no Brasil, com alta de 18% em relação ao trimestre anterior. Além disso, a empresa manteve patamar elevado de exportações de petróleo e combustíveis.

Com o crescimento das atividades no pré-sal mesmo em meio à pandemia, a produção de petróleo e gás da Petrobras aumentou 5,4% no trimestre. Em 2020, a alta acumulada é de 9%, o que levou a empresa a rever para cima sua meta para o fim do ano.

Também beneficiada pela alta de 48% nos preços do petróleo, a receita da estatal subiu 39%. para R$ 70,730 bilhões. O Ebitda (lucro antes de impostos, taxas e depreciações, que indica a geração de caixa), subiu 33,8%, para R$ 33,440 bilhões.

No balanço divulgado nesta quarta (28), Castello Branco destaca que a geração de caixa em 2020 permitiu a redução da dívida bruta de US$ 87,1 bilhões, ao fim de 2019, para US$ 79,6 bilhões. "Este valor está abaixo da nossa meta anterior de manutenção do mesmo nível de dívida do último ano, dado o cenário hostil", escreveu.

Em reais, porém, o valor da dívida bruta da Petrobras subiu no mesmo período, impactada pela desvalorização cambial. A empresa, no entanto, adota o indicador em dólar para estipular suas metas de endividamento e de dividendos.

Nesta quarta, a Petrobras anunciou nova política de remuneração aos acionistas, que permite a distribuição de dividendos mesmo em períodos de prejuízo, caso o endividamento venha apresentando queda.

A empresa poderá remunerar os acionistas se a dívida líquida tiver apresentado redução no período de 12 meses anteriores. A decisão só será tomada, diz a companhia, "caso a administração entenda que será preservada a sustentabilidade financeira".

Com a dívida bruta abaixo dos US$ 60 bilhões (cerca de R$ 340 bilhões, na cotação atual), a estatal pode propor o pagamento de dividendos adicionais, superando o mínimo obrigatório ou um valor equivalente a 60% da diferença entre o fluxo de caixa e o valor dos investimentos, mesmo sem lucro contábil.

É a segunda revisão da política de dividendos sob a gestão Castello Branco, nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para presidir a companhia no início de 2019. Na primeira, foi criada uma regra para o pagamento de dividendos extraordinários.

Sob seu comando, a companhia acelerou o processo de venda de ativos, sob o argumento de que precisa focar em projetos com maior rentabilidade para reduzir a dívida e melhorar o retorno aos investidores –entre eles, alega Castello Branco, o governo brasileiro.

A empresa admite, porém, que a conclusão operações de desinvestimento foi afetada pela pandemia. Nos nove primeiros meses de 2020, diz, apenas US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,7 bilhões, ao câmbio atual) entraram em caixa.

"No entanto, o programa permanece vivo e muito ativo", afirmou o presidente da companhia. "Há 10 operações assinadas a serem fechadas, 32 projetos em fase vinculante e 7 ativos na fase inicial do processo de desinvestimentos".

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