LA PAZ — Uma juíza boliviana anulou um mandado de prisão contra um ex-ministro de Evo Morales, que estava asilado na residência diplomática mexicana em La Paz. Juan Ramón Quintana foi ministro da Presidência e braço-direito do ex-presidente, que governou por 14 anos até renunciar em novembro de 2019.
A juíza Claudia Castro, segundo o jornal El Deber, argumentou que havia erros de procedimento na ordem de detenção. “A resolução de prisão fixa a data de 25 de novembro de 2019. Mas o pedido de admissão teve início em 27 de novembro. Por que o Ministério Público expede posteriormente a referida resolução e o início dos atos de investigação?”, questionou a juíza.
No último dia 26, a Justiça boliviana já havia anulado a ordem de detenção contra Morales por supostos crimes de sedição e terrorismo, uma semana depois de o seu aliado político, Luis Arce, ser eleito presidente.
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Martín Irusta, advogado de Quintana, argumentou que havia "uma ilegalidade de apreensão" contra seu cliente. O processo, no entanto, continua.
Esta é a segunda decisão de um juiz que beneficia um ex-ministro de Morales nos últimos dias. Há uma semana, um juiz decidiu a favor do ex-ministro da Justiça Héctor Arce, também asilado na residência diplomática mexicana desde novembro de 2019, na crise que se seguiu à eleição do ano passado. O então presidente, que tentava um quarto mandato, renunciou em meio a protestos e depois de perder o apoio da polícia e das Forças Armadas.
Membros do antigo governo foram então processados pelo governo interino de Jeanine Áñez, com muitos deles buscando refúgio em outros países ou em residências diplomáticas. O próprio Morales foi para o México e depois para a Argentina, onde recebeu asilo. A organização Human Rights Watch (HRW) considerou as ações uma perseguição judicial contra dirigentes do antigo governo e do Movimento ao Socialismo (MAS). Sobre o próprio Arce, eleito presidente no mês passado, pesam cinco processos.
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A residência mexicana abriga um total de cinco ex-ministros e dois outros ex-funcionários do governo Morales, que não puderam obter um salvo-conduto que lhes permitisse deixar a Bolívia após a renúncia do ex-presidente. Reclamações sobre supostos crimes de fraude eleitoral, insurreição e terrorismo ainda pesam sobre eles.
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