BRASÍLIA — Em reunião com governadores na tarde desta terça-feira, os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), afirmaram que têm conversado com o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) para garantir a disponibilização de vacinas contra o novo coronavírus assim que forem autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Bolsonaro tem feito declarações contra a imunização vacinal em uma disputa política com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
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Após os encontros com os presidentes do Legislativo, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), correligionário de Doria, afirmou que pediu a reunião a Maia e Alcolumbre para pedir uma intermediação dos dois com o governo federal na questão da vacina. Durante a reunião, o tema foi levantado pelo governador do Piauí, Wellington Dias (PT) e endossado por Leite.
— Evidentemente, diante dos impasses recentes relacionados às vacinas para o coronavírus, nós conversamos com os demais governadores e acordamos uma reunião conjunta justamente para que pudéssemos pedir aos presidentes da Câmara e do Senado a intermediação deles no sentido de abrir o diálogo com o governo, com o presidente Jair Bolsonaro e garantir que haja a aquisição das vacinas que mais rapidamente forem liberadas para o uso da população no Programa Nacional de Imunização.
Bolsonaro tem dito publicamente ser contra a obrigatoriedade de vacinação pelos brasileiros. Recentemente, o presidente desautorizou o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, ao mandar cancelar protocolo assinado pela pasta para aquisição de 46 milhões de doses da vacina Coronavac. O imunizante está sendo desenvolvido em uma parceria entre o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, e a empresa chinesa Sinovac.
Leite afirmou que Maia e Alcolumbre têm conversado com Bolsonaro e que ele tem demonstrado disposição sobre o tema.
— Eles nos relataram que já têm mantido conversas com o presidente, que percebem sensibilidade e disposição do presidente para avançar nesse tema. Nos deixaram com boa expectativa no sentido de um entendimento. Então, o presidente do Senado mesmo disse que chegou a conversar com o presidente ainda hoje e percebeu nele essa disposição de avançar na garantia da aquisição de uma vacina que eu tenho insistido, não é a vacina de um governador ou de outro governador — disse o governador gaúcho.
A disputa em torno da vacina tem como pano de fundo as pretensões eleitorais de Bolsonaro e de Doria, que pretende concorrer à presidência em 2022.
— Não é a vacina do governador João Doria, é a vacina de um instituto renomado, reconhecido, desenvolvida em parceira com um laboratório chinês, de onde já vem a maior parte de insumos de vacinas que são utilizadas pela população brasileira. Não há que se ter qualquer preconceito, e menos ainda, evidentemente, ser norteado pela questão política — completou Leite.
Na semana passada, Maia já havia dito em entrevista coletiva que estava conversando com Bolsonaro sobre as vacinas. Na terça passada, Maia afirmou que não cabe a eles aprovar a vacina no país, e sim à Anvisa.
— A questão da vacina depende da Anvisa, não depende de nenhum de nós. Aliás, é o correto. Nós não devemos nunca aprovar uma autorização de algo que existe um órgão, uma agência independente, para tomar essa decisão. Então, é óbvio que, do meu ponto de vista, todas as vacinas serão bem-vindas depois de aprovadas pelo órgão regulador, pela Anvisa — disse Maia na semana passada.
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