Trump faz campanha em cinco estados no mesmo dia e sugere batalha judicial sobre apuração

WASHINGTON — A dois dias da eleição americana, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não parou um minuto neste domingo numa busca desenfreada por votos. Aos 74 anos e um mês depois de ter contraído Covid-19, o republicano já passou por Michigan, Iowa e Carolina do Norte, e tinha mais duas paradas, nos estados-pêndulo da Geórgia e da Flórida. Atrás nas pesquisas, Trump negou que pretenda declarar vitória se os primeiros resultados parciais o mostrarem na frente em alguns estados disputados, mas indicou que pode dar início a batalhas judiciais em torno da apuração assim que a votação for encerrada.

— É terrível que não possamos saber os resultados na noite da eleição — disse o presidente, criticando decisões da Suprema Corte que permitem a contagem de votos recebidos pelo correio em alguns estados depois de 3 de novembro. — Assim que a eleição acabar, na mesma noite, vamos entrar com nosso advogados.

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Mais cedo no domingo, o portal político americano Axios havia noticiado que Trump pretendia se declarar vencedor se os primeiros resultados da noite o mostrassem na frente. Para que isso aconteça, seus aliados acreditam que ele precisa vencer ou liderar a apuração em Ohio, Flórida, Carolina do Norte, Texas, Iowa, Arizona e Geórgia — estados onde a disputa está apertada. Como houve muitos votos pelo correio, o resultado oficial pode demorar.

Para além das ameaças judiciais, Trump fez uma peregrinação neste domingo pelos Estados Unidos, mirando estados onde disputa voto a voto com Biden. Quando pousar para seu último evento do dia, em Opa-Locka, na Flórida, às 23h30 (horário de Brasília), terá pecorrido mais de 3.500 quilômetros. Enquanto Trump maratonou hoje, o rival democrata, Joe Biden, que lidera a média das pesquisas nacionais, concentrou seus esforços na Pensilvânia, outro local chave para a votação.

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Tour pelos EUA

O presidente fez sua primeira parada, ainda pela manhã, em Michigan, onde se gabou de "ter salvo a indústria automobilística", apesar de dados o contradizerem. Apesar de ter levado uma nova fábrica para o estado, com inauguração prevista para 2021, o número de empregos na indústria automobilística caiu durante o seu mandato. Sem respeitar as regras de distanciamento social, fez poucas menções ao coronavírus, que cresce no estado e no país. Segundo estimativas de economistas de Stanford divulgadas na quinta-feira, 18 dos comícios de Trump resultando em mais de 30.000 casos de covid-19 e mais de 700 mortes, ainda que não necessariamente entre os participantes.

Em Iowa, durante a tarde, Trump novamente fez pouco caso da pandemia de Covid-19, afirmando que "haverá distribuição em massa da vacina em algumas poucas semanas", algo que não há indícios de ser verdade. Ele atacou ainda a política energética proposta por Biden, afirmando que seria a "sentença de morte para o etanol" e que levará a "economia ao colapso, destruirá suas fazendas e que fará o país socialista". O estado-pêndulo é o maior produtor de milho dos EUA e pólo da indústria de etanol americana.

Em seguida, na Carolina do Norte, afirmou ser "muito perigoso" e "ridículo" que a Suprema Corte tenha permitido que alguns estados contem cédulas eleitoras recebidas pelo correio após terça-feiral. Devido ao alto número de votos pelo correio, é possível que o vencedor não seja anunciado na noite de terça, mas não há quaisquer indícios de fraude. No sábado, 12 pessoas foram presas no estado durante um evento para incentivar o voto, que terminou em confrontos com a polícia.

Biden foca na Pensilvânia

Biden, por sua vez, passou o dia na Pensilvânia, estado que os analistas consideram chave para virar a eleição — Trump fez quatro eventos lá no sábado e planeja outro na segunda-feira. O democrata, sua mulher, Jill Biden, a senadora e candidata a vice Kamala Harris e seu marido, Douglas Emhoff, devem se espalhar por todo o estado na segunda-feira. Neste domingo, sua campanha anunciou também uma parada em Cleveland, em Ohio, outro estado onde a disputa é acirrada.

— Temos que ganhar a nossa democracia. Temos que sair e votar — disse Biden num "comício drive-in", no estacionamento de uma igreja na Filadélfia, com aplausos sendo substituídos por buzinas, neste domingo. — Estamos em num momento de decisão. Temos que votar como nunca fizemos antes.

No sábado, Trump esteve nesse mesmo estado industrial, onde, em 2016, venceu com vantagem mínima sobre sua então adversária democrata, Hillary Clinton. Amanhã, a programação de Trump prevê cinco comícios em quatro estados. Numa clara tentativa de irritar o adversário, Trump incluiu na programação desta segunda-feira um comício em Scranton, a cidade natal de Biden.

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