Análise: em Livepool x Tottenham, Firmino faz ruir o plano de Mourinho

Não há plano que ofereça totais garantias no futebol. José Mourinho, bem ao seu estilo, conseguia conter o ataque do Liverpool com competência diante de um rival tão agressivo. Como de hábito, deixava a bola com o rival e não se improtava com isso, em especial num segundo tempo em que passara a ter estocadas mais frequentes no ataque. Parecia prestes a ver seu Tottenham sair de Anfield com um satisfatório empate que garantiria, no saldo de gols, a manutenção da liderança. Até um escanteio, a um minuto do fim, castigar justamente o calcanhar de aquiles de seu plano: a cabeçada de Roberto Firmino deu o 2 a 1 e a primeira colocação da Premier League para o Liverpool.

E com toda a resistência do Tottenham, o fato é que o resultado reforça a sensação do claro favoritismo da equipe de Jürgen Klopp para repetir a conquista da temporada passada.

A ideia de que o Tottenham viveria de poucas bolas no ataque, de poucas estocadas, foi totalmente confirmada no primeiro tempo. Uma finalização, um gol de Son. No segundo, o time conseguira ter mais momentos no campo ofensivo: Bergwijn chegara a acertar a trave de Alisson e Kane perdera boa chance. Mas a ideia de jogo de Mourinho, como qualquer outra forma de jogar futebol, seja ela ofensiva ou conservadora, tem um ponto frágil: embora transmita a sensação de segurança que usualmente se tem diante de uma defesa organizada, permite que boa parte do jogo aconteça ao redor de sua área. E ali, qualquer erro é fatal. Foi o caso de Alderweireld, tolamente batido na cobrança de córner de Robertson, já perto do fim. E Firmino cabeceou para o gol. Agora, o time de Jürgen Klopp tem 28 pontos, contra 25 do Tottenham

Diante de duas formas distintas de entender o futebol, era natural um duelo de estratégias. Mourinho alterou a forma habitual de seu time. Saiu do 4-2-3-1 para um 4-4-2. Basicamente, tirou Sissoko da dupla de volantes e o colocou do lado direito, buscando reforçar a proteção no setor atacado por Robertson e Mané. E optou por Lo Celso ao lado de Hojbjerg à frente da zaga, com Son formando quase uma dupla de ataque com Harry Kane. Conseguiu parte de seus objetivos.

Por um lado, Lo Celso foi excelente ao conduzir a bola e criar o único contra-ataque bem-sucedido do Tottenham no primeiro tempo. Ele deu ótimo passe para Son marcar o gol do 1 a 1 parcial . Mas a estratégia, em tese, deixava a frente da área um pouco mais frágil sem Sissoko. E Jürgen Klopp fazia o jogo girar em torno de Curtis Jones, o meia que caía naquele setor. Com o acréscimo de que, por ali, Roberto Firmino recuava para tabelar com os meias. Numa trama de Jones e Firmino, Lo Celso foi batido e Salah finalizou para abrir o placar, contando com desvio da zaga. De todo modo, a forma como o Liverpool construiu seu gol, sem criar tantas chances claras, mostrava que o Tottenham era competente sem a bola, em especial bloqueando os lados do campo.

O Liverpool seguiu pressionando e dono da bola na segunda etapa, mas o Tottenham achava mais contragolpes. Mourinho primeiro tirou Lo Celso e colocou Lucas pelo lado do campo, devolvendo Sissoko à frente da área. A ideia era recuperar bolas e ligar ataques rápidos, mesmo que sem tanta elaboração, como no chutão de Lloris que, após cabeçadas de Kane e Son terminou na bola na trave de Bergwijn. Foram sete finalizações do time de Londres na segunda etapa.

Mas o volume de jogo do Liverpool era maior e as chances, aos poucos, começaram a aparecer. Em especial quando o lado esquerdo começou a funcionar. E com Mané explorando indecisões entre o lateral Aurier e Lucas, agora responsável por marcar os avanços de Robertson. Num lance, Mané acertou o travessão após receber na área e girar o corpo com incrível agilidade. Quando a partida parecia condenada ao empate que satisfazia o Tottenham, veio o gol de Firmino. É cedo, a distância é de apenas três pontos e o aproveitamento do Liverpool é bem inferior ao da temporada passada. Mas já parece difícil encontrar um desafiante realmente capaz de acompanhar o time de Klopp.

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