Veterana negociadora palestina deixa cargo e pede reformas políticas

RAMALLAH — A veterana negociadora palestina e defensora dos direitos das mulheres Hanan Ashrawi, de 74 anos, renunciou nesta quarta-feira a seu cargo na Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e pediu reformas no sistema política palestino. Ela disse que o Comitê Executivo da OLP, no qual atuou, foi marginalizado "da tomada de decisões".

"O sistema político palestino precisa de renovação e revigoramento com a inclusão de jovens, mulheres e mais profissionais qualificados", disse Ashrawi em sua declaração, acrescentando que ela havia apresentado sua renúncia ao presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmou Abbas. “Acredito que é hora de realizar a reforma necessária e ativar a OLP de uma maneira que restaure sua posição e seu papel."

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Em um breve comunicado, Abbas disse que aceitou a renúncia de Ashrawi. Fontes próximas a ela disseram que o estopim para sua saída foi a volta da cooperação de segurança entre a ANP e Israel, apesar de o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ter se afastado das negociações sobre os territórios palestinos ocupados e intensificado a construção de colônias na Cisjordânia.

O Comitê Executivo, o órgão mais importante da OLP, é chefiado pelo líder palestino de 85 anos, mas não é frequentemente convocado.

Críticos acusam Abbas de permitir que as instituições políticas palestinas sob sua autoridade na Cisjordânia estagnem. Não há eleições presidenciais ou parlamentares para a Autoridade Nacional Palestina, que ele lidera, há mais de uma década.

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Os dias de negociação de Ashrawi remontam às primeiras conversas públicas mediadas pelos EUA com Israel em 1991, na Conferência de Madrid, na qual, como porta-voz da OLP, ela articulou a demanda do reconhecimento de um Estado palestino.

Após a assinatura dos Acordos de Oslo com Israel em 1993, Ashrawi serviu no gabinete da então recém-formada Autoridade Nacional Palestina, que passou a governar partes da Cisjordânia. O acordos, no entanto, não foram adiante depois da morte do primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin por um terrorista judeu, em 1995, e Israel manteve a ocupação do território, iniciada com a Guerra dos Seis, em 1967.

Defensora dos direitos das mulheres, Ashrawi foi a primeira mulher eleita para o Comitê Executivo em 2009. Ela foi reeleita em 2018 e chefiou o Departamento de Diplomacia Pública e Política.

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