'Comia até me machucar', conta Cleo, que perdeu 20 quilos após começar a tratar a compulsão

Cleo perdeu 20 quilos, mas está muito mais leve graças à rede de apoio que construiu durante a pandemia. Quando se viu sozinha dentro de casa, “com as pessoas morrendo do lado de fora”, pensou: “Não tenho saúde mental para segurar esse rojão”. E decidiu passar um tempo com a mãe, a atriz Glória Pires, o pai de criação, Orlando Morais, e os irmãos Antonia, Ana e Bento, em Brasília. Dois meses depois, mudou-se para uma casa ao lado, com um grupo de amigos a quem se refere como “rede de apoio”. Com alguns deles, focou nos vídeos do canal Cleo On Demand, na produção do longa “Me tira da mira”, em que contracena com o pai biológico, Fábio Júnior, e o irmão Fiuk, e, sobretudo, na luta contra a compulsão alimentar. “Perdi o preconceito com remédios, e pela primeira vez, comecei a tratar a compulsão de verdade. Em um mês fazendo tudo certinho, tudo melhorou: o sono, a fome, eu”.

Os depoimentos a seguir foram extraídos de duas entrevistas com a atriz. Uma feita por chamada de vídeo e a outra, presencial, logo após o ensaio de fotos (sem Photoshop). Em ambas, falou com franqueza sobre distúrbios de imagem e transtornos de humor.

LINCHAMENTO

“Sempre gostei de postar fotos sexies. Continuei me expondo mesmo gorda. Não estava fazendo nada de errado, só estava acima do peso. Mas fui atacada. Falar disso dói, como se eu revivesse um trauma. Não considero gordofobia porque, mesmo quando estava 20 quilos acima do peso, não tinha esse lugar de fala. Mas dói. A vida inteira fui atacada, seja porque falo de sexo, porque sou filha do Fábio Júnior, porque engordei ou porque não faço tanta novela. Cresci sendo atacada por não corresponder a expectativas. Engordei, mas me achava uma tremenda de uma gostosa.”

TRANSTORNO DE HUMOR

“Descobri que tinha depressão depois dos 30 anos. Fazendo terapia para tratá-la, fui diagnosticada com transtorno de humor, que é algo próximo à bipolaridade. À medida em que o tratamento foi fazendo efeito, fui melhorando, mas descobri que também sofro de Tireoidite de Hashimoto, uma doença autoimune que faz com que, quando você ingere certos alimentos, seu corpo vá contra ele. Comia muita lactose, glúten, açúcar e acabou desencadeando isso. Não conseguia parar e ficava mais nervosa porque não tinha controle. Quando você tem compulsão, qualquer coisa vira gatilho. Hoje, trato a ansiedade e a compulsão. Não estou curada, mas elas não são mais tão dominantes.”

IMPULSIVIDADE

“Na luta contra a compulsão, comecei a me tratar com um psiquiatra, que mandou um mesmo questionário para mim e para a minha mãe. Pensei: ‘Ai, jura, minha mãe?’, mas topei e fui diagnosticada com TDAHI, Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade e Impulsividade, algo que se você não tratar é desesperador. Eu comia até me machucar. Ia até passar mal. Perdi o preconceito com remédios, e pela primeira vez, comecei a tratar a compulsão de verdade. Me convenci quando ele disse que eu não ia parar de comer, mas parar de me machucar comendo. Em um mês fazendo tudo certinho, tudo melhorou: o sono, a fome, eu.”

QUARENTENA

“Fiquei dois meses com a minha família. Foi uma delícia, mas foi difícil. Quando você volta para casa dos pais é como se houvesse um monte de espelhos revelando quem você é. Também quarentenei com a minha equipe de produção, minha grande rede de apoio. Eles são meus parceiros no Cleo On Demand, canal que criei pro IGTV. A novidade desse ano será a minissérie ‘Travessia’, que vai abordar questões de gênero na indústria musical.”

Cleo fala também sobre ser considerada símbolo sexual, necessidade de aceitação e relacionamentos tóxicos: 'Nunca sofri violência física, mas abusos psicológicos, muitos'. Leia entrevista completa aqui.

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