Após depoimento de executivo da Pfizer, Bolsonaro diz que Pazuello 'acertou em tudo'

BRASÍLIA — Apesar de o gerente-geral da farmacêutica Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, ter confirmado à CPI da Covid que o governo brasileiro não respondeu às propostas de venda de vacinas, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira que o depoimento do executivo esclareceu que o Brasil atuou de forma correta nas negociações e que o ex-ministro Eduardo Pazuello 'acertou em tudo que fez ano passado'. Segundo Bolsonaro, teria acabado a "conversa mole", referência a acusação de que o governo federal teria se omitido na compra de vacinas.

No final da tarde desta sexta-feira, a Advocacia-Geral da União (AGU) ingressou com um pedido de habeas corpus em favor do ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, no Supremo Tribunal Federal. O recurso pede para que o militar possa ficar em silêncio durante seu depoimento na CPI da Covid, marcado para o dia 19.

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— Se eu compro (em 2020) e não é aplicado, faz o que depois? Vai jogar fora? O Pazuello acertou em tudo o que fez no ano passado. Obrigado, Renan Calheiros — afirmou o presidente durante a live que transmite semanalmente em suas redes sociais.

Bolsonaro voltou a criticar a realização da CPI e, principalmente, o relator da comissão. Segundo o presidente, o depoimento de Murillo teria esclarecido que o governo federal comprou as vacinas assim que possível.

— É uma CPI que está ajudando politicamente, mas eu não quero ajuda política. Hoje foi esclarecida a situação da Pfizer. O contrato depois de 10 de junho segundo o tuite do Rodrigo Pacheco só após a lei de iniciativa dele, 10 de março, pudemos fazer o contrato com a Pfizer comprando mais vacina do que se tivéssemos comprado ano passado — afirmou Bolsonaro.

Além disso, o presidente afirmou que, ao assinar o contrato em 2021, teria conseguido mais vacinas do que se tivesse fechado o acordo em 2020. Essa informação, entretanto, é incorreta.

Negociação em 2020: Brasil poderia ter recebido 4,5 milhões de doses a mais da Pfizer até março

Se o Brasil tivesse negociado com a Pfizer a aquisição de vacinas em agosto de 2020, o país poderia ter recebido 4,5 milhões de doses a mais de vacinas contra a Covid-19. A melhor oferta feita pela empresa na época previa 1,5 milhão de doses já em 2020 e outras 3 milhões no primeiro trimestre de 2021. As informações foram prestadas por Carlos Murillo, ex-presidente da empresa no Brasil e atual gerente geral na América Latina, na CPI da Covid.

Com as 4,5 milhões de doses que deixaram de ser fornecidas, o Brasil poderia ter imunizado 2,25 milhões de pessoas com a duas doses recomendadas do vacina da Pfizer. Essa oferta também incluía 14 milhões no segundo trimestre de 2021. Mas o acordo que viria a ser fechado este ano também já prevê o mesmo quantitativo até junho.

Ao final da transmissão, o presidente voltou a criticar a CPI, criticando os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Renan Calheiros (MDB-AL). Bolsonaro visitou Alagoas nesta quinta-feira e insinuou que Renan é rejeitado em seu estado natal.

Se eles queriam se blindar ou blindar parente por que fazer a CPI. Olha a cara de pau daquele fala-fino, o DPVAT, fala-fino. Para apurar omissões do presidente Jair Bolsonaro. Isso não é fato definido em CPI.

— O Renan disse publicamente que não faz parte do obkjetivo da CPI apurar desvio de recurso. É lógico, né, Renan. Já tem 17 processos no Supremo, imagina mais um? Se bem que já tem 17, o que é mais um? — disse Bolsonaro.

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