BRASÍLIA — Integrante da CPI da Covid, o senador Alessandro Vieira (Podemos-SE) protocolou pedido de convocação do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) para prestar depoimento à comissão parlamentar de inqúerito. A medida ocorre após o gerente da Pfizer, Carlos Murillo, afirmar que Carlos participou de reuniões do governo em Brasília para tratar da negociação de vacinas.
— Defendo que todos os citados pelo gerente da Pfizer como participantes das reuniões paralelas para aquisição de vacinas sejam ouvidos, inclusive o vereador Carlos Bolsonaro. Por isso estou protocolando esse requerimento — afirmou ao GLOBO Alessandro Vieira, que é delegado licenciado da Polícia Civil. A CPI busca investigar, entre outros pontos, a influência de pessoas de fora do Ministério da Saúde na tomada de decisões para aquisição de insumos e vacinas.
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Após o depoimento do gerente-geral da Pfizer, Carlos Murillo, nesta quinta-feira, prospera reservadamente o consenso entre a maioria dos integrantes da CPI de que o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) será convocado a prestar depoimento à comissão parlamentar de inquérito. O momento da convocação, no entanto, divide senadores independentes e de oposição, que são maioria na comissão.
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A avaliação de boa parte desse grupo é que o momento não é o ideal por conta do alto nível de tensão já ocasionado esta semana pelo depoimento do ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngartem e pelo atrito envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL).
Segundo a tese desses senadores, a convocação de Carlos poderia ser interpretada como uma retaliação e "perseguição familiar" e usada politicamente por Bolsonaro para desmerecer a CPI. E, por isso, na visão desses parlamentares de oposição e independentes, o melhor seria deixar a convocação mais para frente.
O senador Humberto Costa (PT-PE), por exemplo, já defendeu abertamente a convocação de Carlos, mas, nesta quinta, foi mais comedido e não se manifestou pela medida. Randolfe Rodrigues (Rede-AP), por sua vez, afirmou que são necessárias mais provas para convocar Carlos Bolsonaro. Já Renan Calheiros disse que o depoimento do gerente da Pfizer já é suficiente para a produção do relatório nesse quesito e que caberia ao Planalto pleitear o depoimento de Carlos para que o governo apresente sua defesa.
Tensão por prisão
Integrantes da CPI da Covid também veem com apreensão o possível depoimento de Carlos Bolsonaro. O vereador é visto como um político explosivo e de pavio curto. A avaliação é que, se Renan Calheiros pediu a prisão preventiva de Fabio Wajngarten alegando que o ex-secretário de Comunicação mentiu, com a convocação de Carlos haveria grande chance de essa situação se repetir e ter um desfecho ainda mais tenso. A eventual prisão, avaliam alguns senadores de oposição ouvidos pelo GLOBO, poderia surtir um efeito pró-Bolsonaro, pois tiraria o foco da investigação e vitimizaria o presidente.
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