RIO - Em dez anos, o Estado do Rio perdeu o segundo lugar no ranking do PIB industrial brasileiro. Na dança das cadeiras, Minas Gerais assumiu a segunda posição, de acordo com levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que mede o nível de participação dos estados brasileiros na produção do setor.
No biênio 2007-2008, a fatia do Rio no PIB industrial era 14,58%. Ela caiu para 10,14% no biênio 2017/2018, últimos dados disponíveis. No mesmo período, a participação do estado mineiro, que ocupava a terceira posição, subiu de 10,44% para 10,80%.
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Muito dependente da indústria extrativa, o resultado mostra que o Rio ainda não se recuperou da crise do setor de óleo e gás. Em 2016, sofreu impactos extensos com a operação Lava-Jato na Petrobras, além de ter sido afetado pela queda nos preços internacionais do petróleo, o que fez despencar a produção.
— Uma economia baseada em um único setor é ruim. Quando houve uma arrecadação muito forte do estado do Rio e das prefeituras do norte do estado, em razão dos royalties do petróleo, deveria ter sido feito investimento em infraestrutura para atrair investimentos em outros setores — destaca Renato da Fonseca, economista-chefe da CNI.
Indústria farmacêutica perde espaço
O economista lembra ainda que, apesar do Rio continuar com a maior fatia de participação na indústria extrativa do país, sua contribuição diminuiu neste e em outros setores como o da indústria de transformação.
— Setores que eram tradicionais, como a indústria farmacêutica, vem perdendo espaço. O mesmo acontece com o setor de veículos automotores.
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Números da pesquisa da CNI mostram que o estado vem perdendo participação na indústria nacional há anos. No auge do dinamismo, em 2005 e 2006, a indústria fluminense chegou a representar 14,9% do PIB industrial do país.
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A dificuldade do Rio de promover incentivos fiscais também ajuda a explicar a queda na participação, acrescenta Fonseca:
— Além da dificuldade de investir em infraestrutura, tem uma guerra fiscal. Outros estados deram incentivos fiscais, o que atraiu essas empresas. São Paulo respondeu dando incentivos ainda mais altos para evitar essa migração, mas o estado tem que ter receita para fazer isso — diz o economista.
Outras regiões ganham relevância
São Paulo continua sendo o principal produtor industrial do país, mas o estado também perdeu fatia na produção brasileira em dez anos - caiu de 33,56% para 30,68%, segundo a CNI. Na indústria de transformação, chegou a perder participação em 22 dos 24 setores desse segmento.
As maiores perdas ocorreram nos setores de papel e celulose, produtos de metal, vestuário e acessórios e máquinas e materiais elétricos.
No setor de papel e celulose, Mato Grosso do Sul, que saiu do 14º lugar no ranking, com 0,23% da produção nacional, saltou para a 3ª posição, com 11,1% da produção nacional. No setor de vestuário, Santa Catarina passou a ser o maior estado produtor do país neste segmento.
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O que ajuda a explicar esse movimento é o processo de descentralização pelo qual passa a indústria brasileira nos últimos anos. A produção, antes muito concentrada na Região Sudeste, tem avançado em outros estados.
O Espírito Santo, que em 2007-2008 ocupava o oitavo lugar, cedeu espaço para o Pará, cuja participação saltou de 2,2% para 3,56% em 2017-2018. Os três estados do Sul, que já ocupavam o quarto, quinto e sexto lugar, aumentaram sua fatia no PIB industrial brasileiro, assim como Bahia, Goiás e Pernambuco.
— São estados que estão crescendo, começam a gerar renda, mais mercado consumidor, começam a ter infraestrutura de qualidade — explica Fonseca, ao citar os investimentos no complexo de Suape, com o polo automotivo da Fiat em Pernambuco.
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