Análise: em semana de alta tensão, Cabo vê mudanças recompensadas e respira no Vasco

Jargão do futebol, “a melhor defesa é o ataque” não é exatamente a melhor forma de descrever o desempenho do Vasco contra o CRB neste sábado, em São Januário, mas é um jeito de enxergá-lo. A vitória por 3 a 0 sobre o CRB, pela Série B, recompensou Marcelo Cabo por aceitar divergir de suas convicções. A inédita produtividade ofensiva da equipe ofuscou, de certa forma, os problemas defensivos que vinham sendo o pesadelo cruz-maltino e aliviou a situação do técnico no cargo.

O clima não era dos melhores. Um drone com os dizeres “O Vasco vale mais que suas vidas, joguem por elas” sobrevoava São Januário, e chegou a interromper a partida no primeiro tempo. O jogo psicológico não estava a favor do elenco cruz-maltino, que já havia vivido episódios de ataques de torcedores ao longo da semana.

Com a volta do zagueiro Leandro Castan, Cabo fez mudanças profundas no time e abriu mão do tradicional esquema 4-3-3, que vinha adotando desde que chegou à Colina. Gabriel Pec foi para o banco e Bruno Gomes voltou a ganhar oportunidade no time titular, bem como o jovem MT, desta vez atuando em sua função de origem, como meia-atacante. Léo Matos foi poupado, Zeca foi deslocado para a lateral direita e Riquelme ganhou chance na esquerda.

As mudanças foram visíveis. Depois de uma pressão inicial dos visitantes, o cruz-maltino equilibrou as ações e o meio-campo mais numeroso e com uma melhor saída de bola fez com que os homens de frente fossem acionados com mais frequência.

As dificuldades apresentadas nos últimos jogos, porém, seguiram: o Vasco errou muitos passes e apresentou desatenções na defesa. Mas o time chegava de forma mais lúcida e coesa ao ataque. Foram três grandes oportunidades no primeiro tempo. Cano desperdiçou a primeira tentando encobrir Diogo Silva, mas não perdoou a segunda: de cabeça e livre na área, completou bola levantada por Marquinhos Gabriel já no fim do primeiro tempo.

Na volta para o intervalo, a equipe voltou a assustar. A falta de intensidade do início do primeiro tempo voltou a pairar, e os visitantes poderiam muito bem ter empatado a partida. Foram muitas ameaças ao go ao gol de Lucão — substituindo Vanderlei, com Covid-19 — incluindo duas bolas na trave. O técnico cruz-maltino mostrou a tradicional cautela e entrou com Galarza para reforçar a marcação.

Sair de momentos ruins no futebol exige trabalho e uma pitada de sorte, e a falta de pontaria do CRB acabou punida por um placar elástico pouco esperado, e até discrepante do que foi a partida. Léo Jabá — que teve o carro apedrejado durante a semana — marcou o segundo e foi às lágrimas por voltar a ver às redes. Marquinhos Gabriel, em finalização de oportunismo, fechou o 3 a 0, a primeira vitória do Vasco em casa na Série B.

Seguro após o resultado maiúsculo, Marcelo Cabo tem uma oportunidade de ouro de filtrar o que funcionou e o que não funcionou nas suas inovações. Enquanto isso, o elenco se beneficia de uma positiva e necessária semana de tranquilidade antes de um jogo difícil contra o Cruzeiro.

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