Copa América: Final entre Brasil e Argentina, no Maracanã, eleva patamar do torneio e se equipara à Euro

Do outro lado do Atlântico, viu-se estádios quase cheios, torcedores cantando, sofrendo e celebrando nas arquibancadas, num clima total de festa no verão europeu. Por aqui, até o momento viu-se jogos sem público, num ambiente semelhante a treinos, gramados ruins e um torneio sem empolgação em pleno inverno. Mas a final de sábado entre Brasil e Argentina, no Maracanã, ajudou a elevar o patamar da Copa América, e, pode-se dizer, que até se iguala à Eurocopa, cuja final de domingo terá o confronto Itália x Inglaterra, em Wembley.

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Em termos de rivalidade histórica e peso no futebol mundial, Brasil x Argentina pode ser medido em toneladas. São sete títulos mundiais em campo contra cinco da final europeia. E mais do que isso. Aqueles que fazem o jogo acontecer têm relevância bem maior pelos lados da América do Sul.

Tanto no passado quanto no presente. Pelé ou Maradona? A rixa entre brasileiros e argentinos para determinar quem é o melhor de todos os tempos perdura até hoje. Na atualidade, o confronto Neymar x Messi tem um certo desequilíbrio a favor do argentino: são cinco encontros de ambos, com três vitórias para o argentino contra duas de Ney. Quatro das partidas foram pelas seleções.

Mas a dupla, que já ganhou o mundo juntos em 2015, figura entre os maiores e mais valorizados jogadores dos últimos anos. Carregam milhões de fãs e influenciam uma geração.

— É o melhor Brasil possível para o Tite e a melhor Argentina para o Scaloni. É a grande final da história da Copa América entre brasileiros e argentinos. Como se esperava desde o início, Messi de um lado e Neymar do outro. Dá até para discutir se não é mais interessante que a própria decisão da Eurocopa entre Inglaterra e Itália. Mas essa final esperada vai ser um espetáculo. Porque é Messi e, ainda mais, no Maracanã — afirma o comentarista Mauro Beting, do SBT da TNT Sports.

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Do outro lado do oceano, a reformulada Itália ainda não tem craques indiscutíveis. Pela Inglaterra, Sterling e Harry Kane são estrelas, com destaque no último Mundial, mas ainda de uma grandeza inferior aos sul-americanos. Além de serem muito menos midiáticos.

— Agora, a Copa América conseguiu com essa final equilibrar as coisas. Duas grandes estrelas frente a frente com Messi e Neymar, dois países com história e rivalidade decidindo mano a mano, o estádio do Maracanã... Esses dados dão uma expectativa e um cenário que não podem ser comparados com a Eurocopa. Nisso, a Copa América ganha de goleada — analisa Diego Macias, jornalista argentino do Diário Olé.

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A decisão, que não acontecia desde 2007 — e, por um momento, sonhou-se na Copa do Mundo de 2014 —, não apaga a superioridade técnica e o futebol mais vistoso nos campos europeus. O fator público também tem um imenso peso a favor da competição europeia. A final, inclusive, vai permitir quase 100% da capacidade de Wembley e contará com os donos da casa na decisão em busca do primeiro título europeu da história.

— Quando se compara a Eurocopa com a Copa América, temos de separar o torneio geral da final em particular. A competição europeia mostrou um nível de jogo superior, equipes mais azeitadas. O cenário também deu outra cor determinante: a chande do retorno do público marcou uma diferença chave e o ótimo estado dos gramados também facilitou para que a Eurocopa, em geral, tenha sido mais interessante — diz Diego Macias.

Peso na escolha do melhor do mundo?

Num ano sem Mundial e com um campeão de Champions sem um grande protagonista, o torneio europeu parece ter se tornado o principal avalizador para o prêmio de melhor do mundo. Mas, além de dividir as atenções com a Eurocopa, será que a Copa América pode ter peso no Fifa The Best?

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Por si só, é difícil. Mas pode contar alguns pontos. Especialmente para Messi, que nunca esteve fora da lista dos 10 melhores da temporada nos últimos 10 anos. Porém, foram suas atuações no Barcelona que lhe valeram todos os troféus até aqui. A Copa América do argentino, no entanto, o mantém no alto nível. Até agora, ele participou de mais de 80% dos gols da seleção.

Neymar também esteve na lista por sete vezes. Entre os europeus, apenas o atacante Harry Kane, da Inglaterra, já figurou nela, em 2018 e 2019.

— É um torneio histórico e com essa final o mundo vai ver, pois é Brasil x Argentina. Coloca muita visibilidade e pode contar alguns pontos — acredita o argentino Hernán Claus, que cobre a seleção argentina pelo Olé.

Mauro Beting não acredita que a atuação na final de sábado tenha grande interferência na escolha do melhor do mundo, mais ainda quando vista em comparação à Euro:

— Só se Messi for messiânico. Mesmo se ganhar, o voto nele vai ser mais pelo Barcelona do que pela grande Copa América que está fazendo. Mais uma vez não será determinante, e nem podemos ter essa pretensão, ainda mais para um torneio que aconteceu quatro vezes nos últimos seis anos.

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