Brasil x México: ouro deixa de ser dívida e pode influenciar no futuro de técnico e jogadores

Se vencer o México às 5h desta terça-feira, o Brasil chegará a sua quinta final olímpica no futebol masculino. Antes de obter a inédita medalha de ouro em 2016, a seleção havia disputado a decisão em 1984, em Los Angeles, em 1988, em SSim. eul, e em 2012, em Londres. E o fato de ser pentacampeão do mundo sempre deu ao Brasil a obrigatoridade da conquista, até ela vir. Agora, o significado muda.

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De dívida, o ouro viria como uma confirmação de que há uma boa safra, mesmo sem alguns dos jovens mais talentosos, que não foram liberados pelos seus clubes. O resultado da reunião de jogadores em ascensão no futebol brasileiro, junto a outros com maior destaque na Europa, ainda que em busca de mais chances na seleção principal, também pode valorizar o trabalho de base da CBF, em especial o treinador, André Jardine.

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Pode-se dizer que o ouro olímpico influencia mais na carreira de um treinador do que de um jogador da seleção brasileira. Para o bem ou para o mal. Desde 2012, quando Mano Menezes acumulou o cargo com a equipe principal, a CBF aposta em técnicos com histórico recente no futebol de base. Foi assim em 2016 com Rogério Micale, que havia iniciado no Figueirense e com boa passagem no Atlético-MG. Após a conquista em 2016, durou menos de um ano no cargo em razão da queda do Brasil no Sul-Americano Sub-20. Em seguida, teve oportunidade como técnico principal do clube mineiro. Hoje, está no Al-Hilal, da Arábia Saudita.

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Jardine, por sua vez, fez carreira na base por mais de dez anos, no Internacional. E depois teve uma passagem pelo Grêmio, onde chegou a ser interino em 2014 após a saída de Enderson Moreira. No ano seguinte, foi comandar o sub-20 do São Paulo. E também herdou a vaga provisória de Diego Aguirre. O bom trabalho lhe rendeu efetivação em 2018, mas meses depois também perdeu o cargo. Aos 41 anos, o gaúcho há dois anos na função teria na medalha a premiação por um projeto de longo prazo, objetivo que o próprio Tite almeja com a seleção principal na Copa do Mundo.

Já para os jogadores, a Olimpíada passa muito pela experiência de jogar um torneio curto como o Mundial. E serve ainda para seguir no radar da seleção para as Eliminatórias. Casos de Bruno Guimarães e Matheus Cunha. Fontes do mercado indicam não haver uma associação direta entre o desempenho nos Jogos e a valorização comercial dos jogadores. Mas como o torneio ocorre justamente em meio a abertura da janela de transferencias na Europa, as movimentações são naturais.

Cunha, do Hertha Berlim, da Alemanha, se tornou alvo do Leeds, da Inglaterra. A equipe da Premier League prepara uma investida de 25 milhões de euros (R$ 152 milhões) para contar com o atacante da Seleção Olímpica, de acordo com informações do site inglês 'Caughtoffside'. Já o volante Matheus Henrique foi vendido pelo Grêmio ao Sassuolo, da Itália, por 10 milhões de euros, cerca de R$ 61 milhões. Se não ajuda tanto, fazer um bom papel certamente não atrapalha. Mas a seleção guarda particularidades.

No caso de Daniel Alves, jogar a Olimpíada aos 38 anos é quase que um momento de contemplação. Sem mais pretensões na carreira, o lateral do São Paulo quis viver a experiência e tem ajudado bastante em campo. Do outro lado, o esquerdo, há Arana. Atleta do Atlético-MG, com passagem na Europa, e que retornou ao Brasil para ter sequência e retomar o bom futebol que o fez ser vendido. Tem obtido sucesos na tarefa. Nino, revelação do Fluminense, é outro que tenta aproveitar a chance para mostrar serviço e se afirmar para quem sabe sonhar com a ida para a Europa.

O curioso é que essa não é uma certeza para um medalhista de ouro na Olimpíada. Da seleção campeã em 2016, apenas o zagueiro Marquinhos (PSG), o volante Walace (Udinense), o lateral Douglas Santos (Zenit) e os atacantes Neymar (PSG) e Gabriel Jesus (Manchester City) atuam fora do Brasil. A outra metade ainda joga em clubes brasileiros: Weverton no Palmeiras, Luan e Renato Augusto no Corinthians, Gabigol e Rodrigo Caio no Flamengo, e Zeca no Vasco.

A relação direta entre o bom papel na Olimpíada e uma chance na seleção principal parece mais razoável. Do goleiro Weverton a Gabigol, passando por Marquinhos, Rodrigo Caio e Gabriel Jesus. Boa parte segue monitorada pela CBF desde 2016 e já com chances na mão de Tite.

Richarlison em busca de outro feito

Por tradição, a Olimpíada também reserva momentos históricos que vão além de uma medalha. E quem tem se aproximado mais de feitos assim na seleção brasileira é o atacante Richarlison. Autor de cinco gols em quatro partidas, o jogador pode entrar no hall dos maiores artilheiros do Brasil no torneio.

Hoje, está ao lado de Ronaldo Fenômeno, que marcou os mesmos cinco gols em seis partidas, em 1996. Os maiores artilheiros do Brasil são Bebeto, com oito em duas edições (1988 e 1996), e Romário, com sete em 1988. Neymar iguala o Baixinho, com sete gols também em duas edições: 2012 e 2016. Antes de Richarlison, está Leandro Damião, que fez seis gols em 2012.

Sem férias após a Copa América, Richarlison se colocou a disposição para vestir a camisa 10 na ausência de nomes como Pedro, do Flamengo, e tem sido protagonista. Tem o jogo contra o México e uma eventual final para gravar o nome na hisória da Olimpíada independentemente da cor da medalha. Curiosamente, enquanto disputa a competição, o atacante do Everton tem tido o nome ventilado no Real Madrid.

Em campo, o Brasil tem uma dúvida na escalação. Matheus Cunha é aguardado após sofrer uma contratura muscular. Ele não treinou depois do jogo contra o Egito. E Paulinho é o favorito para a vaga. Mas Cunha será reavaliado em cima da hora para saber se há condições de ser titular ou ficar como opção no banco.

Maiores artilheiros do futebol nas Olimpíadas

1º - Sophus Nielsen (Dinamarca) e Antal Dunai (Hungria): 13 gols

2º - Ferenc Bene (Hungria): 12 gols

3º - Domingo Tarasconi (Argentina) e Pedro Petrone (Uruguay): 11 gols

4º - Gottfried Fuchs (Alemanha) e Kazimierz Deyna (Polônia): 10 gols

Maiores artilheiros do Brasil nas Olimpíadas

1º - Bebeto - 8 gols em 12 jogos - 1988 e 1996

2º - Romário - 7 gols em 6 jogos - 1988

3º - Neymar - 7 gols em 12 jogos - 2012 e 2016

4º - Damião - 6 gols em 5 jogos - 2012

5º - Ronaldo - 5 gols em 6 jogos - 1996/Richarlison - 5 gols em 2 jogos - 2021

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