Em 2 anos, Brasil abriu 343 mil salões de beleza

A indústria da beleza não para de crescer no Brasil. Formado por cabeleireiros, manicures e pedicures, o setor abriu mais de 11 mil negócios em junho deste ano – número 28,5% maior que o de junho de 2020 e 4,4% superior a igual período de 2021. De 2020 para cá, foram mais de 343 mil estabelecimentos abertos no País, que hoje tem o quarto maior mercado consumidor do mundo nessa área de salões de beleza.

Apesar de a pandemia ter causado uma leve queda no número de abertura desses negócios, o segmento ainda está entre os três que mais abrem empresas, atrás apenas do comércio varejista de vestuários e promoção de vendas.

Os salões de beleza são o segundo setor com maior número de empresas ativas em todo o território brasileiro, com mais de 790 mil empreendimentos. Os dados são de um levantamento feito pelo Estadão com dados da plataforma Mapa de Empresas, do Ministério da Economia.

Na área da estética, os números mostram ainda mais vigor. Houve alta de 63,3% na quantidade de CNPJs abertos em junho (5.318) em relação ao mesmo período de 2020 (3.257). A categoria compreende não só os cuidados com as unhas, mas da beleza em geral, como limpeza de pele, maquiagem, depilação, entre outros.

Mudando de área

De olho nesse movimento, Daiana Genuíno, de 34 anos, formada em tecnologia da informação, resolveu mudar de área. Ela trabalhava em uma empresa de construção civil há mais de 10 anos, mas deixou o emprego parar montar um salão com o amigo Francisco de Assis, de 39 anos, conhecido como Dan. Juntos, eles criaram o “Dan Mega Hair”, salão especializado em alongamento de cabelos, em Diadema, em São Paulo.

Hoje, o negócio da dupla tem mais de 16 mil seguidores no Instagram e recebe clientes até de outros Estados. “Tem gente que vem de Minas Gerais de três em três meses fazer o alongamento de cabelo”, revela Daiana. Eles também vão expandir o negócio neste, mudando para um endereço três vezes maior, na mesma rua, e dobrar a quantidade de cabeleireiros na equipe. Dentre os serviços realizados, estão o de progressiva, hidratação, coloração, escova e o mais requisitado, o alongamento por queratina.

No caso de Dandara Vieira, de 29 anos, a trajetória é um pouco diferente. Ela é de Itapajé, no Ceará, a cerca de 140 quilômetros da capital Fortaleza, e veio para São Paulo em 2015, em busca de melhores oportunidades. Informalmente, trabalha com unhas desde os 14 anos para ajudar a mãe em casa, que também é manicure. “Ela nunca parou para me ensinar, mas sempre prestei muita atenção”, diz Dandara.

Ela chegou a trabalhar em outros setores para se manter, mas, em 2018, voltou a se dedicar ao trabalho de manicure, dessa vez, exclusivamente, em um salão do bairro. Com a pandemia, a chefe precisou demiti-la, mas Dandara não desanimou: arregaçou as mangas e iniciou os estudos de alongamento de unhas.

Meses depois, em agosto de 2020, foi recontratada e, em janeiro de 2021, assumiu o comando do estabelecimento, após a chefe entrar de licença maternidade. Foi também no primeiro mês de 2021 que ela abriu seu CNPJ, tornando-se microempreendedora individual. Agora, a cearense já não tem mais vaga na agenda até o final do ano. “Só se alguém desmarcar”, brinca.

Ela atende entre cinco a sete clientes por dia. O procedimento de alongar as unhas dura entre 1h30 e 2h20 e a manutenção é feita a cada 25 dias. O negócio de Dandara com a sócia também precisou se expandir - elas saíram de uma sala na Liberdade para um espaço um pouco maior na Vila Mariana.

Mercado

Um dos motivos que explica o destaque do setor mesmo antes da pandemia é a rápida capacitação dos empreendedores e funcionários e, consequentemente, inserção no mercado, com retorno financeiro. “Em geral, o dono do empreendimento é quem coloca a mão na massa. São profissionais autônomos com qualificação e que estão em constante busca por conhecimento. De maneira relativamente rápida, ele consegue se capacitar e entrar no mercado de trabalho”, explica o diretor-superintendente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-SP), Marco Vinholi.

Além disso, o Brasil, segundo ele, é o quarto maior mercado consumidor dessa área de salões de beleza. “Só fica atrás dos Estados Unidos, China e Japão”, revela. Por isso, a pandemia afetou pouco o setor. “É um mercado que atrai empreendedores de todo o País, com destaque para as mulheres, com um empoderamento feminino muito intenso. O setor resistiu com a pandemia e bilhões são movimentados por pequenos empreendedores”, completa Vinholi. A perspectiva para os próximos meses também é positiva. “É um mercado crescente, principalmente com as novas tendências surgindo”, conclui.

Estadão Conteúdo

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