Em encontro com MST, Gilmar Mendes diz que STF evitou mais mortes por coronavírus

SÃO PAULO. Crítico e protagonista de embates com o MST no passado, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes se emocionou ao participar de uma live promovida pelo movimento na noite desta sexta-feira. No evento, o magistrado defendeu a decisão da Corte que impediu o governo federal de intervir em ordens de estados e municípios de fechamento do comércio durante a pandemia provocada pela novo coronavírus.

O presidente Jair Bolsonaro costuma usar a decisão do Supremo como justificativa pela falta de ações mais efetivas da gestão federal no combate à doença. Para Gilmar, a posição adotada pelo STF impediu que o número de mortes no país, classificada por ele de “quadro completamente constrangedor”, fosse ainda maior.

— Tenho a impressão, é muito difícil dizer no contexto em que nos encontramos agora com já com 110 mil mortos, um campeonato macabro que ninguém pode querer ganhar, que se não fora a atividade do Tribunal, essa atividade cautelosa, pautada pelo princípio da proporcionalidade, muito provavelmente nós estaríamos enfrentando um quadro de maior gravidade — disse.

Numa crítica à defesa da cloroquina feita por Bolsonaro, o ministro disse que o Supremo tomou decisões em linha com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

— Enfatizamos sempre a necessidade que todos nós nos pautássemos por uma medicina calcada em evidências. Que nós nos orientássemos e fortalecessemos as orientações de governadores, de prefeitos que defendem a aplicação das orientações da OMS. Que não pertícemos que em lugar de medicamentos testados se advogasse a utilização de placebos ou de falsos medicamentos.

O evento teve como tinha como tema “reflexões sobre o Brasil em tempos de pandemia” e contou com a participação de parlamentares, governadores e advogados.

— A minha presença aqui tem um efeito simbólico que significa eventuais divergências que possamos ter não impedem que nós nos sentamos para dialogar em nome do interesse nacional, em defesa do Brasil. Isso é fundamental na democracia.

Ao encerrar a falar, o ministro disse que ter "mais passado do que futuro pela frente" porque já viveu muita coisa na vida, mas prometeu guardar aquele momento em sua memória. Ao dizer isso, se emocionou e embargou a voz.

Enregistrer un commentaire

0 Commentaires