SÃO PAULO - O Ministério da Saúde anunciou hoje em entrevista coletiva online uma ação estratégica que foi implementada para tentar suprir a demanda de medicamentos necessários a pacientes intubados em UTI, que estão em falta em razão da epidemia de Covid-19.
Segundo o ministério, mais de 4 milhões de unidades desses medicamentos teriam sido enviados da União aos estados e municípios onde estão em falta, nos últimos dois meses.
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O esquema foi montado após o final de junho, quando o Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) afirmou que mais de 20 estados tinham estoque zerado de pelo menos algum medicamento crucial para intubação orotraqueal.
Segundo Luiz Franco Duarte, secretário de Atenção Especial à Saude, foi preciso lançar mão de diferentes iniciativas para conseguir os medicamentos que estavam em falta, principalmente anestésicos, sedativos e bloqueadores neuromusculares de uso exclusivo hospitalar. Entre as medidas excepcionais, foi feita uma centralização dos estoques de empresas nacionais que fabricam esses medicamentos, houve uma negociação com empresas uruguaias fabricantes de alguns fármacos, um pregão eletrônico para aquisição de outras e um acordo com instituições privadas (Unimed-RJ e Grupo D'OR) para compartilhamento de estoques.
Duarte afirmou que o governo criou canais de comunicação com a indústria e com o Conass para monitorar melhor os estoques e a demanda para tentar prevenir novos desabastecimentos. O ministério descreveu o cenário atual como de "reabastecimento".
A diretora substituta da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Meiruze Sousa Freitas, porém, não soube informar na entrevista coletiva com precisão a situação de cada estado com relação à disponibilidade de medicamentos. A apresentação de tela exibida pela médica tinha alguns quadros censurados por serem "informação restrita".
— Esse dado tem que ser combinado. Não da para avaliar, porque a gente está colocando os dados de abastecimento, para onde o medicamento está indo, em contrapartida com a própria avaliação que o próprio estado faz com sua própria necessidade — respondeu Meiruze ao questionamento.
Um mapa apresentado na entrevista coletiva mostra São Paulo, Minas Gerais e Paraná como os estados que mais adquiriram unidades.
— A informação dos estados que estão desabastecidos está sendo enviada para a indústria semanalmente, para que a indústria possa direcionar a venda para esses estados — disse Andreza Franco, diretora de programas do Ministério da Saúde.
O GLOBO entrou em contato com o Conass no início da noite desta sexta-feira perguntando qual a atual avaliação do conselho sobre a situação desses medicamentos nos estados e ainda aguarda uma resposta.
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