Em um painel de discussão, Anthony Fauci, o maior especialista em doenças infecciosas do Estados Unidos, criticou a Rússia pela liberação apressada de sua vacina contra o coronavírus. O imunizante, chamado Sputnik V, foi aprovado sem evidências de que os ensaios clínicos da fase 3 (a última) tenham sido concluídos, uma parte essencial das etapas de desenvolvimento que podem provar que um produto é seguro e eficaz nas pessoas.
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— Ter uma vacina e provar que uma vacina é segura e eficaz são duas coisas diferentes — disse Fauci a Deborah Roberts, jornalista da ABC News que moderou o painel realizado nesta quarta-feira.
Fauci chamou a atenção para as muitas outras vacinas contra o coronavírus competindo por uma eventual liberação, incluindo várias que estão em testes de fase 3 nos Estados Unidos. O processo de teste de vacinas pode durar meses e geralmente envolve milhares de pessoas.
— Se quiséssemos correr o risco de lesionar muitas pessoas ou dar a elas algo que não funciona, poderíamos começar a fazer isso na próxima semana — ponderou Fauci. — Mas não é assim que funciona.
O timing do anúncio da Rússia torna "muito improvável que eles tenham dados suficientes sobre a eficácia do produto", disse Natalie Dean, especialista em doenças infecciosas da Universidade da Flórida, que advertiu contra apressar o processo de aprovação da vacina.
Dean observou que mesmo as vacinas que produziram dados promissores em testes iniciais em humanos fracassaram em estágios posteriores.
Nesta terça-feira, o presidente Vladimir Putin anunciou que a vacina “funciona de maneira bastante eficaz”.
Especialistas, incluindo Fauci, foram rápidos em moderar a empolgação com ressalvas e advertências sobre o anúncio de Putin.
“Espero que os russos tenham realmente provado definitivamente que a vacina é segura e eficaz”, disse Fauci, complementando: "Duvido seriamente que eles tenham feito isso".
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