Brasil renova por mais 90 dias medida que permite ingresso de etanol dos EUA sem imposto

BRASÍLIA - Dias depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidir reduzir o volume de aço brasileiro exportado ao mercado americano sem sobretaxa, o governo brasileiro concordou em renovar, por mais 90 dias, uma cota de importação de etanol dos EUA com isenção de tarifa de importação. Entrarão no país, sem imposto, o equivalente a 187,5 milhões de litros de álcool daquele país até dezembro.

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A renovação da medida, que beneficia diretamente os produtores americanos de etanol de milho que integram a base eleitoral de Trump, foi aprovada, nesta sexta-feira, pelo Grupo Executivo da Câmara de Comércio Exterior (Gecex), e divulgada em uma declaração conjunta do Brasil e dos EUA. É uma vitória política de Trump, candidato a permanecer na Casa Branca na eleição que acontecerá no próximo mês de novembro.

A cota de importação de etanol americano, que permitia o ingresso de 750 milhões de litros com alíquota zero no mercado brasileiro, deixou de vigorar no mês passado. Desde então, o produto passou a entrar no Brasil com uma alíquota de importação de 20%.

Segundo a declaração dos governos dos dois países, nesses 90 dias, haverá negociações para garantir maneiras de aumentar o acesso ao mercado de etanol e açúcar no Brasil e nos EUA.

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"As discussões devem buscar alcançar resultados recíprocos e proporcionais que gerem comércio e abram mercados para o benefício de ambos os países", diz um trecho da nota, em uma velada referência ao pleito brasileiro de aumentar as exportações de açúcar aos EUA.

"O Brasil e os Estados Unidos concordaram em proceder dessa maneira no espírito de parceria econômica criada sob a liderança dos Presidentes Bolsonaro e Trump, reconhecendo a necessidade de continuar a tratar construtivamente dos efeitos das crises geradas pela pandemia da Covid-19 em seu comércio bilateral e na sua produção doméstica", conclui a nota.

No fim de agosto, Trump decidiu reduzir a cota de aço brasileiro que poderia entrar no país sem ser taxado em 25%, alegando que precisava proteger a indústria nacional. O limite para a importação do produto do Brasil sem a sobretaxa passou de 350.000 toneladas para 60.000 toneladas no quarto trimestre.

A medida foi um golpe para a indústria siderúrgica brasileira de semiacabados, que amargará um corte de mais de 80% do que havia sido programado para entrar no mercado americano no quarto trimestre deste ano.

O acordo entre EUA e Brasil foi firmado em 2018, como forma de evitar pesadas sobretaxas aplicadas às importações de aço de diversos países.

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