Covid-19: Nove projetos disputam o páreo na corrida da vacina

A pandemia do novo coronavírus acabou gerando uma espécie de corrida mundial em busca da vacina contra a Covid-19. Laboratórios de todo o mundo, em articulação com governos nacionais, estão investindo em testes para em busca da tão aguardada imunização.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 179 vacinas estão em desenvolvimento em todo o mundo. Dessas, 34 encontram-se na fase de testes clínicos. Nove encabeçam uma frente ainda mais elástica e podem ter resultados mais satisfatórios. Os projetos de China, Rússia Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos atualmente disputam cabeça a cabeça.

Como o Brasil é o segundo país com maior número de casos de Covid-19, somos objeto constante de interesse dos laboratórios para testagem da vacina, conforme explica Cristina Bonorino, membro do Comitê Científico da Sociedade Brasileira de Imunologia.

“Todo mundo quer testar no Brasil, e acho que as outras vacinas também serão testadas por aqui”, diz a médica. Atualmente três vacinas passam por testes na população brasileira: a chinesa Coronavac, do laboratório Sinovac Biotech, em parceria com o Instituto Butantan; a inglesa Oxford e a vacina fruto de parceria entre as empresas BioNTech e Pfizer, dos Estados Unidos e Alemanha.

A vacina russa deve entrar em fase de testes no Paraná até o final de outubro, conforme o governo daquele estado.

Segundo Cristina, o momento atual é de espera, pois é impossível saber qual dessas vacinas será a mais eficaz. “Não vence quem chega primeiro, mas quem apresenta a melhor vacina”, explica. “Atualmente não sabemos qual delas tem a melhor resposta”, completa.

Perfomance

Apesar do cenário incerto, a pesquisadora destaca a performance de uma vacina estadunidense que nem está entre as nove mais avançadas, exemplo de como essa disputa é incerta.

A empresa Novavax terminou recentemente a fase dois dos testes e, para Cristina, os resultados apresentados até agora são um pouco mais satisfatórios. “Achei que os níveis de anticorpos por ela apresentados foram melhores”, diz.

No mês passado a empresa comunicou que essa vacina gerou efeitos colaterais moderados na maioria dos participantes, mas a resposta imune foi positiva. Sobre as outras nove vacinas na fase 3, inclusive a da Oxford, testada em São Paulo e Minas, ela afirma que estão todas no mesmo patamar.

Prazos indefinidos

O tão falado prazo para a vacina ficar pronta é outra incógnita para os especialistas, acostumados a levar anos até concluir pesquisas de imunização. Para a especialista, é notório que está havendo uma aceleração nas pesquisa em andamento.

“Não temos resultados de nenhuma vacina da fase três ainda, e essa fase normalmente dura anos”, questiona. Segundo ela, os ensaios clínicos da vacina da Universidade de Oxford, em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo, devem ser finalizados daqui um ano e meio.

“Quando as pessoas falam que vai ter vacina em janeiro, não sei como isso vai acontecer, por que o estudo não vai ter terminado. Só se quebrar os protocolos. Vai ser uma discussão que não vejo ninguém fazendo”, alerta. A vacina chinesa da Sinovac, por exemplo, prevê o término dos estudos clínicos para setembro de 2021.

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