Entenda o impasse da imunização de idosos com a vacina de Oxford/AstraZeneca

RIO — Embora a agência reguladora da União Europeia, EMA, tenha autorizado o uso do imunizante de Oxford/AstraZeneca para adultos de todas as idades, pelo menos nove países europeus vetaram o uso da vacina em idosos com mais de 65 anos: Alemanha, Áustria, França, Suécia, Holanda, Dinamarca, Bélgica, Polônia e Espanha, que aderiu à medida nesta sexta-feira (5). A Itália não proíbe, mas desaconselha seu uso.

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No Brasil, contudo, o imunizante segue sendo ministrado em maiores de 65 anos.

Como começaram as dúvidas sobre o uso da vacina?

O primeiro país a levantar dúvidas sobre o efeito do imunizante em idosos foi a Alemanha, que na semana passada restringiu seu uso a adultos maiores de 65 anos. Na avaliação da agência reguladora alemã, faltam dados sobre o efeito da vacina em idosos. Para o país, a proporção de maiores de 65 anos entre os participantes dos estudos clínicos da vacina (10%) é insuficiente.

Desde então, Áustria, França, Suécia, Holanda, Dinamarca, Bélgica e Espanha passaram a não recomendar a distribuição do imunizante a pessoas com mais de 65 anos. Já a Polônia comunicou que só usará a vacina em pessoas até 60 anos. Apesar de não ter vetado a aplicação do imunizante em idosos, a Itália o recomendou apenas a menores de 55 anos.

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No Brasil, especialistas defendem imunizante

Para médicos brasileiros ouvidos pelo GLOBO, no entanto, a vacina de Oxford/AstraZeneca deve ser aplicada em idosos no país. Segundo o Plano Nacional de Imunização (PNI), a prioridade na fila de vacinação inclui profissionais de saúde que estão atuando no combate à pandemia e idosos com 75 anos ou mais.

— Se pensarmos, por exemplo, que a vacina da Pfizer só teve 4% dos voluntários de teste com mais de 75 anos, não há dados suficientes sobre esse subgrupo. Mas a Alemanha está liberando a vacina para essa faixa etária mesmo assim — diz Mauro Schechter, infectologista da UFRJ.

Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), foi enfático ao ressaltar que, no Brasil, o momento não é de recusar imunizantes.

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— Aqui o cenário é diferente do da Europa, que pode ter a opção de aplicar em idosos uma vacina que tenha tido performance melhor, ou que tenha tido um número maior de voluntários testados nessa faixa etária. Nós não temos essa opção — afirma.

Matt Hancock, ministro da saúde do Reino Unido, defendeu na última quarta-feira (3) a segurança do uso da vacina da Astrazeneca/Oxford, reiterando a comprovação científica de que o imunizante é eficaz, inclusive para idosos.

Segundo o Ministério da Saúde, apenas cinco a cada 10 mil brasileiros vacinados apresentam algum tipo de reação adversa às vacinas da Astrazeneca e Coronavac, e os sintomas são considerados leves. A CoronaVac corresponde, porém, a cerca de 90% das imunizações que aconteceram até agora.

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