CPI da Covid quer apurar distorção de dados da pandemia em publicações da Secom

BRASÍLIA — A Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República volta à mira da CPI da Covid. Dessa vez, a comissão quer investigar distorções de dados da Covid-19 em publicações da pasta nas redes sociais. Numa das postagens citadas, o governo comemorou que o Brasil tinha o “menor índice de mortes por milhão” entre grandes nações em 8 de agosto de 2020, data em que atingiu 100 mil mortos pelo coronavírus.

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O requerimento do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) desmonta informações publicadas pela Secom, apresentando-as como falsas. Um detalhe que atrai a atenção é que, nesse ranking, estão San Marino (1º lugar), país com 33,8 mil habitantes, e Andorra (4º lugar), pequeno principado com 77,1 mil moradores, ambos na Europa. O Brasil figurava na 11ª colocação, logo atrás dos Estados Unidos, enquanto ocupava a 2ª posição em números absolutos de óbitos, mostra o documento, com dados do site WorldOMeters.

Países populosos e fortemente afetados pela pandemia, como Índia, Rússia e México, ficaram de fora do ranking das grandes nações. Além disso, o parlamentar pede explicações sobre a seguinte frase, utilizada na imagem da publicação: "Dizer que o Brasil é um dos países com a pior situação na Covid com base em números absolutos é desonestidade e desprezo pela ciência e pela realidade". O trecho pode ser considerado uma crítica ao trabalho da imprensa, que divulga diariamente os números da pandemia.

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No mesmo dia a Secom comemorou que o Brasil era um dos países que mais salvava infectados: aproximadamente, 96,6%. No entanto, a taxa de mortalidade estimada variava de 1% a 2% na época. As publicações não mencionam pacientes que ficaram com sequelas — cerca de oito em cada dez — mesmo após casos leves da doença.

No documento, Vieira também solicita registros, como e-mails, sobre a encomenda, a realização e a entrega das postagens; os nomes de quem redigiu e aprovou os materiais; e métricas de audiência, isto é, estatísticas que mostram o alcance de pessoas e o engajamento (curtidas, comentários e compartilhamentos, por exemplo).

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O pedido do parlamentar precisa ser analisado e votado pela comissão, ainda sem data definida. Os trabalhos da CPI, prorrogada por mais 90 dias, retornam na próxima terça-feira após o recesso parlamentar.

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