Polícia da Venezuela prende diretor de ONG que denuncia ligação do governo com grupos armados colombianos

CARACAS — A polícia da Venezuela prendeu, nesta sexta-feira, o diretor da ONG de direitos humanos venezuelana Fundaredes, Javier Tarazona, e outras três pessoas. A detenção ocorreu no estado de Falcón, no Noroeste do país, dois dias depois que a liderança do grupo organizou uma entrevista coletiva na capital, Caracas, alegando que haveria ligação entre membros do governo e grupos armados ilegais da Colômbia.

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A prisão das quatro lideranças se deu logo depois de denunciarem ao Ministério Público que estavam sendo perturbados por autoridades do serviço de inteligência da Venezuela. Segundo informações divulgadas pela Fundaredes no Twitter, homens armados e não identificados estavam esperando por Tarazona na porta do hotel em que estava hospedado.

— Nós queremos que a integridade e a vida dessas quatro pessoas seja respeitada, bem como a integridade e a vida de ativistas e voluntários do FundaRedes — disse a coordenadora de direitos humanos da ONG, Clara Ramírez. — É alarmante que a Venezuela mantenha a política de intimidação, ameaça e assédio contra defensores dos direitos humanos.

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A FundaRedes foi uma das organizações mais ativas na documentação de denúncias de abusos relacionadas a grupos armados colombianos em zonas de fronteira, bem como atividades ilegais de tráfico e mineração ilegal.

O grupo foi a primeira organização que, em março deste ano, denunciou o conflito entre militares venezuelanos e grupos dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) — fragmentada após acordo de paz assinado em 2016 — em partes remotas do estado de Apure, na divisa com a Colômbia.

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A ONG também foi a responsável por denunciar execuções extrajudiciais de civis pelas mãos de forças policiais da Venezuela, além do desalojamento de centenas de moradores em Apure, que procuraram abrigo no território colombiano.

Nesta semana, Tarazona foi ao Ministério Público em Caracas pedir a investigação das supostas ligações entre autoridades do governo venezuelano e grupos armados irregulares. Procurados pela Reuters, o Ministério das Comunicações e Informação da Venezuela e o gabinete do procurador não responderam.

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