Reunindo os mais diferentes tipos físicos, as Olimpíadas são uma grande mostra da diversidade existente entre as pessoas, inclusive entre atletas. Pensando nessa multiplicidade, a exposição on-line “Ser atleta” apresentou a história de vida de 20 atletas olímpicos e dez paralímpicos a partir de cinco abordagens diferentes.
O projeto conta a trajetória de diversos atletas que se enquadram em uma das temáticas que são apresentadas: “Ser diferente”, “Ser LGBTQIAP+”, “Ser migrante”, “Ser mulher” e “Ser negro(a)”. Em cada uma delas, personagens de diversas modalidades são escolhidos para contarem suas histórias e como suas diferenças afetam seu dia-a-dia e sua relação com o esporte.
— O conceito de interseccionalidade transita nestes arcos porque a gente percebe que os atletas são protagonistas de mais de um papel social. O Dumbo, por exemplo, é do arco dos migrantes, mas também é negro. A Izzy está no arco LGBTQIAP+, mas também é mulher e migrante. A ideia é mostrar que as fronteiras existem, mas são permeáveis e que ser humano e ser atleta é transitar para além dessas fronteiras — disse a curadora da exposição, Kátia Rúbio, à Agência Brasil.
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Para o projeto, foi desenvolvido um extenso material interativo no site da entidade, com informações, fotos, vídeos e, principalmente, o depoimento dos atletas de cada uma das categorias.
— Minha relação com a Argentina ela nunca vai acabar. E é engraçado porque eu vim pequeno para o Brasil, com quatro anos, e permanece: família inteira argentina, se fala castelhano em casa, teu pai te bota para escutar tango e não deixa você perder as suas origens — contou o ex-tenista Fernando Meligeni, que nasceu na Argentina.
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A mostra é apenas o início do projeto. No mês de agosto, serão lançados os projetos de mais dez atletas, e outros dez serão publicados em setembro, todos sob o mesmo modelo de exposição virtual.
— Eu entrei nos saltos até por conta de uma coisa desafiadora, porque talvez exista um medo ali. Essa coisa de errar e ter de fazer novamente. Isso eu tenho medo até hoje, mas é isso que me instiga, querendo ou não. E com isso eu fui abrindo a minha cabeça para essa coisa da representatividade, que precisa ser algo positivo. E eu saí do armário, e não mudou em nada a minha estrutura familiar nem no esporte, só ajudou — contou Ian Matos, campeão brasileiro nos saltos ornamentais na plataforma de três metros e atleta olímpico nos jogos do Rio, em 2016.
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Veja todos os atletas que participaram do projeto e deram seu depoimento:
Ser Diferente: Daniel Bispo (boxe), Darlan Romani (atletismo), Evelyn Oliveira (bocha), Fabi (vôlei), Joana Neves (natação) e Maria Elizabete (levantamento de peso).
Ser Mulher: Ádria Santos (atletismo), Benedicta Souza Oliveira (atletismo), Camille Rodrigues (natação), Jackie Silva (vôlei de praia), Joanna Maranhão (natação) e Yane Marques (pentatlo).
Ser Negra e Ser Negro: Alfredo Gomes (atletismo), Diogo Silva (taekwondo), Irenice Maria Rodrigues (atletismo), Milton Castro (atletismo), Raissa Rocha (atletismo) e Roseane Ferreira dos Santos (atletismo).
Ser Migrante: Burkhard Cordes (vela), Edinanci Silva (judô), Edson Cavalcante (atletismo), Fernando Meligeni (tênis), Juliano Fiori (rugby) e Maurício Dumbo (futebol de 5).
Ser LGBTQIAP+: Edênia Garcia (natação), Ian Matos (saltos ornamentais), Izzy Cerullo (rugby), Julia Vasconcelos (taekwondo), Tuany Barbosa (atletismo) e Walmes Rangel (atletismo).
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